ROMA PAGANIZOU O CRISTIANISMO? A Relação entre Roma e a Igreja

Kertelen Ribeiro

Kertelen Ribeiro

A NOVIDADE DA VILANIA DA IGREJA ROMANA

 

A Igreja romana sempre foi considerada um trono de glória e de excelsa majestada entre todas as demais irmãs igrejas da Comunidade Cristã Primitiva. Logo, a suposta vilania da Igreja romana, propagandeada aos berros por muitos hoje em dia é um movimento absolutamente recente na História da fé cristã, que desde seus primórdios e sempre, louvou e engrandeceu com as primícias dos elogios aquela Igreja antiga e gloriosa, cujos fundamentos não vacilam.

 

CIPRIANO DE CARTAGO

 

[…] eles ousam até mesmo zarpar e levar cartas de cismáticos e blasfemadores para a cátedra de Pedro e para a igreja principal [em Roma], na qual a unidade sacerdotal tem sua fonte. E não considerando que os tais são os romanos, cuja fé foi louvada na pregação do apóstolo, e a quem a infidelidade não poderia ter acesso”.

(Epístola 54:14, ano 258 d C.) 

 

 

A HISTÓRIA DA IGREJA

 

Você já deve ter se perguntando por que a Igreja Católica possui o nome “romana” atrelado a ela. E de fato, tentando explicar isso, não faltarão sites e livros contendo todo tipo de teorias conspiratórias acerca da Igreja com sede em Roma. A tese mais difundida e, costumo dizer, a mais bem-sucedida da história, é uma que atribui a Constantino I, imperador romano, a fundação da Igreja Católica, sendo esse o motivo – dizem – de várias doutrinas pagãs terem sido inseridas no seio da Igreja no início da era cristã. Muitos afirmam que a instituição que detém hoje o nome de “católica” é, na verdade, uma adulteração, fruto de acordos políticos entre imperadores romanos e líderes eclesiásticos sem escrúpulos. Se você gostaria de ler mais sobre essa ideia, sugiro o texto: Católico, mas não romano”: Argumentos contra a Ideia de Adulteração Romana. Tal ataque explora o medo legítimo e totalmente compreensível que todo cristão tem de que algum homem ou sistema estrague completamente a obra de Deus, isto é, a Igreja que Ele nos deixou. É verdade que ela passou por episódios bem críticos, de modo que parece que em cada geração ela esteve por um fio. Ainda assim, contudo, considere o poder de Deus para livrar Sua obra em cada um desses momentos críticos. De fato, Ele é o mais interessado no sucesso da Igreja.

Agora tratemos do termo “romana” e do motivo de a Igreja Católica sustentá-lo:

 

O TESTEMUNHO DAS ESCRITURAS EM FAVOR DA IGREJA DE ROMA

 

Antes de tudo, observemos o que as próprias Escrituras afirmam acerca da Igreja com sede em Roma, quando o evangelho ainda era uma mensagem proibida e os cristãos viviam sob forte perseguição:

 

Primeiramente dou graças ao meu Deus por Jesus Cristo, acerca de vós todos, porque em todo o mundo é anunciada a vossa fé. Porquanto Deus, a quem sirvo em meu espírito, no evangelho de seu Filho, me é testemunha de como incessantemente faço menção de vós, pedindo sempre em minhas orações que nalgum tempo, pela vontade de Deus, se me ofereça boa ocasião de ir ter convosco.

(Romanos 1:8-10)

 

Veja como ser chamado de cristão “romano” nos tempos apostólicos (quando os discípulos de Jesus ainda estavam no mundo) era uma verdadeira honra! Por quê? Pelo fato de ser ali – Roma – o covil do lobo, ou seja, o lugar menos recomendado para alguém ser um cristão: havia diariamente humilhação e tortura, sendo os santos entregues às feras para divertimento dos pagãos e do imperador sempre que capturados. A Igreja de Roma foi assim forjada no fogo da provação, mas mesmo assim permanecia inabalável, sustentando fielmente a fé. Por causa dessa devoção e amor sacrificial que ela conquistou forte estima entre todos os crentes das regiões vizinhas, se tornando um exemplo e um modelo do testemunho vivo de Cristo: porque em todo o mundo é anunciada a vossa fé” – disse o apóstolo. Através dos martírios que ocorriam diariamente, e da fidelidade dos crentes romanos ao evangelho, Deus fundou aquela gloriosa Igreja, sendo São Paulo, o autor da carta acima mencionada, um dos mártires que derramariam seu sangue, juntamente com São Pedro, o primeiro Bispo dela, naquele lugar. E continua:

 

Ora, o Deus de esperança vos encha de todo o gozo e paz em crença, para que abundeis em esperança pela virtude do Espírito Santo. Eu próprio, meus irmãos, certo estou, a respeito de vós, que vós mesmos estais cheios de bondade, cheios de todo o conhecimento, podendo admoestar-vos uns aos outros.

(Romanos 15:13,14)

 

Aquela Igreja, além de todo o seu zelo em não negar a fé uma vez entregue aos santos, estava também cheia do conhecimento de Deus, sendo diligente tanto em suas doutrinas como em sua caridade, buscando auxiliar aqueles que precisavam de esclarecimento. O próprio São Paulo declara: “vocês já estão cheios de conhecimento e de bondade”, e reitera o exemplo dos romanos diante das nações no capítulo seguinte: “Quanto à vossa obediência, ela é de conhecimento de todos” (Rm 16: 19). Veja que ele repete isso no primeiro capítulo e no último da sua epístola: Vocês são um exemplo para todos, porque tanto a vossa fé (1: 8) é anunciada por todo o mundo, como a vossa obediência é de conhecimento geral.

 

O MARTÍRIO DE PEDRO E PAULO EM ROMA

 

Como podemos perceber, a Igreja em Roma sempre gozou de um lugar de honra entre os cristãos, desde os tempos mais remotos. E algo particularmente interessante é que tal prestígio não cessou com a morte dos discípulos, mas, antes, consolidou-se ainda mais. Com o poder do testemunho sacrificial dos dois mais ilustres apóstolos, São Pedro e São Paulo, que sofreram martírio naquele lugar, a Igreja se fortificou. O nascedouro dela não descansava mais somente sobre os méritos notáveis de seus fiéis romanos, mas agora, bem mais forte do que isso, era a entrega dos dois apóstolos, de modo que seu sangue fosse derramado como uma oferta e libação sobre o altar daquele lugar, selando-o. Ao dedicarem – à semelhança do seu Senhor – sua própria oferta a Deus, isto é, seus corpos, para serem entregues por aquela comunidade, eles a confirmaram na fé. Considerando a importância que os cristãos primitivos davam para a morte e para o martírio, bem como para as relíquias dos santos que eram colocadas debaixo dos altares das Igrejas, ou mesmo para o sentido que pequenos gestos tinham na construção da História cristã, tais acontecimentos reforçavam a proeminência da Velha Igreja. Era como se os dois tivessem se tornado os patronos daquele lugar, e podemos ver isso claramente nas paredes das catacumbas de São Sebastião em Roma, quando lemos os escritos de cristãos entre os sec. II e III pedindo pela intercessão de Paulo e Pedro (Paule ed Petre Petite pro Victore”: “Paulo e Pedro, orem por Vítor”). Pois o seu sangue foi a semente da Igreja Romana.

 

 

Inscrição no pórtico de Triclia, onde os peregrinos cristãos costumavam se reunir para venerar os santos Pedro e Paulo: a Tricilia é coberta com centenas de invocações de grafite aos apóstolos, algumas delas escritas em grego e latim.

Tirada do livro “THE TOMB OF ST. PETER” de Margherita Guarducci,
arqueóloga, erudita clássica e uma epigrafista italiana.

 

A PRIMAZIA PETRINA

 

O tema da Primazia Petrina será tratado em texto específico, todavia, vale ressaltá-lo aqui como um dos fatores para explicar o termo “romana”, sendo de fato o principal. Os méritos dos fiéis daquela comunidade como um todo, descrita nas Escrituras como um exemplo para todas as igrejas cristãs circunvizinhas, bem como a entrega e o sacrifício ali realizados pelos dois apóstolos mais relevantes não foram os únicos motivos para a Igreja naquele lugar se fortificar como referência e liderança cristã. Contudo, além disso, a própria autoridade que São Pedro já exercia na época entre os demais apóstolos, fornecida e confirmada pelo Senhor Jesus em Mateus 16: 18, foi responsável por selar, por fim, a compreensão mística de Roma como a Primeira Igreja, já que o apóstolo exercia ali o episcopado quando foi martirizado. Seus sucessores seriam, portanto, aqueles que ocupassem o mesmo lugar que o pescador ocupara quando foi martirizado.

 

@casalprospero7

Este foi o chamado de Pedro. 🥺 | 📌 Cena do episódio 4, Temporada 1 @TheChosenCenas Maratone The Chosen gratuitamente, baixe o app na Google Play ou App Store. #AcostumeseComODiferente #TheChosenTvSeries #MaratoneJesus #BingeJesus #thechosenbrasil #thechosen #thechosencenas #reelscristão #evangelho #cristãos #dublagem #jesus #jesuscristo #jesussalva #thechosen #thechosentvseries #thechosenbrasil #maria #mariamadalena #bíblia #ReflexãoCristã #mensagemdereflexão #NuncaDesista #biblia #bíbliasagrada #ensinodabiblia #ensinodabíblia #liberdade #thechosenbrasil #thechosen #thechosencenas #evangelho #cristãos #devocional #evangelico #tempodeDeus #primeiroamor #loucosporJesus #santidade #cristianismo #mensagemdeDeus #Deusdaminhavida #Jesusteama #reinodeDeus #bibliadiaria #gospelmente #oracao #Deussejalouvado #féemDeus #dosebiblica #versiculododia #loucoporJesus

♬ som original – Casal Próspero

 

 

 

 

Além disso, a influência dessa Sé se tornou ainda mais enfatizada à medida que a unidade cristã ia sofrendo ameaças em face das heresias. Havia muitos grupos heréticos combatendo a Igreja Católica. Havia Marcião, buscando anular o Velho Testamento inteiro, os ebionitas no extremo oposto, com um retorno às cerimônias mosaicas, além dos gnósticos, de Cerinto, Pelágio, Ário e toda a turma. Nessa situação, a figura do Bispo com sucessão apostólica era o símbolo da unidade e da manutenção da doutrina verdadeira, pois, possuindo a instrução e a tradição do ensino dos apóstolos [seus escritos e sua doutrina passada oralmente na Liturgia e na Tradição] oferecendo pelo povo o Sacrifício (a Eucaristia) e recebendo a delegação de Cristo de perdoar pecados, tal autoridade sacerdotal constituía um peso enorme ainda no princípio da cristandade, como lemos nas cartas de s. Inácio e de s. Irineu. Era necessário guardar seguro o depósito da fé cristã e a unidade, e a estrutura episcopal hierárquica era considerada divinamente constituída, tendo sido uma verdadeira fortificação contra os ataques dos hereges. Os cristãos entendiam que isso se dava como um processo natural e resultado da vontade de Deus, que regia todas as coisas. Nessa conjuntura, cinco bispos se tornaram mais relevantes, juntamente com suas igrejas de origens apostólicas, todavia, dentre eles, São Pedro e seus sucessores na cadeira romana possuíam o maior destaque. Podemos confirmar tal noção por meio do Segundo Concílio do Cristianismo, CONSTANTINOPLA I, que manifesta o testemunho do pensamento da Igreja naquele período.

 

O bispo de Constantinopla terá o primado de honra
depois do bispo de Roma,

cânon 3, ano 381 d.C.

 

Veja como naquele momento, Constantinopla estava sendo promovida, mas ainda assim, jamais sairia do segundo lugar, uma vez que Roma detinha o primeiro. Considerado o líder dos apóstolos, e tendo fundado mais de uma Sé, Pedro poderia ser visto como fonte de uma autoridade dividida, porém não era o caso. Embora as demais Cátedras fundadas por ele tivessem grande honra, fica evidente pelo cânone acima que pelo fato de ter morrido ocupando a cátedra de Roma, seus sucessores herdariam a sua primazia naquele lugar. Hoje, aqueles que são chamados católicos são assim nomeados, não por serem romanos etnicamente, mas por reconhecerem essa divina delegação e se submeterem à autoridade do Bispo constituído em Roma, que é sucessor de São Pedro, ocupando atualmente sua cadeira/cátedra.

 

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O TESTEMUNHO DA PATRÍSTICA

 

E agora, vejamos o que os antigos cristãos acreditavam sobre a Igreja com sede em Roma, isso a partir de fontes primárias. Já apresentamos o cânone 3 de um concílio ecumênico, todavia, é importante que se perceba com maior testemunhos essa doutrina no meio cristão antigo: de que antes da morte dos apóstolos, nas escrituras, e depois da morte deles, com a constituição e o estabelecimento da Igreja como instituição divina, a cadeira episcopal romana permaneceu sendo tratada com especial devoção e honra em todo o tempo, o que demonstra que havia entre os santos do passado a compreensão certa de sua autoridade entre as demais, mesmo que esta realidade tenha sido reforçada e confirmada no decorrer da história gradualmente por eventos ligados à providência. Veja as evidências:

 

INÁCIO DE ANTIOQUIA

 

Inácio, que também é chamado Teóforo, à Igreja que alcançou misericórdia, pela majestade do Pai Altíssimo, e Jesus Cristo, Seu Filho unigênito; à Igreja amada e iluminada pela vontade daquele que quer todas as coisas, segundo o amor de Jesus Cristo nosso Deus, ela que também preside no lugar da região dos romanos, digna de Deus, digna de honra, digna da mais alta felicidade, digna de louvor, digna de realizar todos os seus desejos, digna de ser considerada santa e que preside no amor, sendo nomeada por Cristo e pelo Pai, também saúdo em nome de Jesus Cristo, o Filho do Pai: aos que estão unidos, segundo a carne e o espírito, a cada um dos seus mandamentos; que são inseparavelmente cheios da graça de Deus e purificados de toda mácula estranha, [eu desejo a vós] uma abundância de felicidade irrepreensível, em Jesus Cristo, nosso Deus.

(Inácio de Antioquia, Carta aos Romanos, ano 107 d.C.)

 

 

IRINEU DE LYON

 

Os abençoados apóstolos [Pedro e Paulo], tendo fundado e edificado a igreja [de Roma], entregaram o ofício do episcopado a Lino. Deste Lino, Paulo faz menção nas Epístolas a Timóteo. A ele sucedeu Anacletus; e depois dele, em terceiro lugar dos apóstolos, Clemente foi designado para o bispado […] No seu tempo, houve uma não pequena dissensão entre os irmãos de Corinto, e então a Igreja em Roma enviou uma carta muito poderosa aos coríntios, exortando-os à paz, renovando sua fé e declarando a tradição que havia recebido recentemente dos apóstolos

(Irineu de Lyon, Contra as Heresias, 3:3:3, ano 189 d.C.).

 

A sucessão de Bispos da maior e mais antiga Igreja conhecida de todos, fundada e estruturada em Roma pelos dois mais gloriosos apóstolos, Pedro e Paulo – aquela Igreja que tem a tradição e a fé que chega a nós após ter sido anunciada aos homens pelos apóstolos. Pois é uma questão de necessidade que todas as igrejas devam concordar com esta Igreja, por causa de sua autoridade preeminente [potiorem principalitatem].

(ibid, 3:3:2).

 

OPTATO DE MILEVUS

 

Na cidade de Roma, a cátedra episcopal foi dada primeiro a Pedro; a cadeira em que Pedro esteve assentado, o mesmo que era o cabeça – e por isso também chamado de Cefas [‘Pedra’] – de todos os apóstolos, a única cadeira na qual a unidade é mantida por todos. Nem mesmo os apóstolos atuam individualmente por conta própria, e qualquer um que [presumir] estabelecer outra cadeira em oposição a essa única cadeira seria, por esse mesmo fato, um cismático e um pecador… Lembrem-se, então, das origens de sua cátedra, aqueles de vocês que desejam reivindicar para si mesmos o título de santa Igreja.

(Optato de Milevus, O Cisma dos Donatistas 2:2, ano 367 d.C.).

 

SANTO AGOSTINHO

 

 

O consentimento dos povos e nações me mantém na Igreja Católica, a sua autoridade me mantém, inaugurada por milagres, nutrida na esperança, aumentada pela caridade e confirmada pela antiguidade. A sucessão de sacerdotes me mantém, começando desde a própria sé do Apóstolo Pedro, a quem o Senhor após sua ressurreição deu a responsabilidade de apascentar as suas ovelhas, até o presente episcopado. E assim, por fim, o próprio nome de católico, que, não sem razão, em meio a tantas heresias, a Igreja assim o manteve; de modo que, embora todos os hereges desejem ser chamados de católicos, quando um estranho lhes pergunta onde a Igreja Católica se reúne, nenhum herege se atreverá a apontar para sua própria capela ou casa.

(Santo Agostinho, Contra a Epístola dos Maniqueus 4, ano 397 d. C.)

 

Veja o que esses cristãos declaram! Eles não demonstram toda a carga negativa que algumas pessoas expressam hoje em dia quando ouvem a palavra “romana”. Tem gente que faz quase uma careta. Mas, pelo contrário, esses grandes teólogos e defensores da ortodoxia na Igreja Primitiva a consideravam como a principal cadeira episcopal, aquela que preside no amor, privilegiada por sua origem digníssima e gloriosa. Também criam ter ela o seu lugar de excelência por ser nascida e confirmada pela morte dos dois ilustres apóstolos, sem esquecer dos elogios tecidos nas Escrituras pela piedade dos membros, e somado a tudo isso, o fato de ter sido aquela Sé presidida por São Pedro até sua morte, o qual, conforme os evangelhos, recebeu as chaves do Reino diretamente do próprio Senhor Jesus Cristo como um chamado singular para confirmar, apascentar e edificar a Igreja na terra. Sendo assim, esses cristãos entendiam que os sucessores naquela cadeira são sucessores dele. E por isso também se tornou ela mestra, quando, pela providência divina guiando a história, em meio aos combates às heresias no seio da Igreja Primitiva, ela tomou sempre a frente pela defesa da fé, se tornando o símbolo da unidade cristã em todo o mundo.

 

ENTÃO ROMA NÃO É A PROSTITUTA DA BABILÔNIA?

 

Algumas pessoas, em oposição ao termo “romana”, costumam citar também o argumento de que Roma é a grande prostituta descrita no livro de Apocalipse. Contudo, devemos atentar para o seguinte: essas pessoas não acreditam na vitória de Cristo. Pois ainda que os versos citados na Revelação de São João se referissem mesmo à Roma imperial, isso de nenhuma forma poderia ser descrito como fazendo alusão à Igreja em Roma, que era perseguida por esse império romano, e a qual, na época, tinha sido fundada por Pedro e Paulo, estava sendo presidida pelo primeiro, e elogiada na bíblia pelo segundo! Isso fica claro à medida que observamos a Escritura e os escritos acima citados, os quais são apenas alguns dos muitos testemunhos da Patrística de que dispomos sobre o tema. A Igreja em Roma é chamada de excelente e fiel em todos os aspectos pelo consenso geral de cristãos dos primeiros séculos. E isso é um fato. As pessoas que usam esse argumento, geralmente o fazem por não crerem na promessa de Cristo. Elas acham que Roma pagã venceu, não Cristo. Pensam que esta prostituta que representava o poderio e a excelência dos reinos do mundo antigo, a cidade imperial pagã e o apogeu da velha era, que segundo os profetas seria destronada com o advento do Messias, conforme lemos na profecia de Daniel (Dn 2:31-47), na verdade triunfou. Não creem que a pedra que desce do céu derrubou a estátua, o que indica a destruição do reino de Satanás por meio do Reino de Cristo. Muitas acreditam na vitória do diabo, e considerando que eles acreditam que a obra de Deus foi derrotada pela obra de satanás, realmente faz sentido que eles sustentem essa ideia, de que a Igreja foi pura apenas por algumas poucas décadas e depois ruiu. Mas não condiz com os dados que temos dos primeiros anos da Igreja Cristã, tampouco com a Escritura, que nos indicam o contrário.

 

CONCLUSÃO

 

Diante de tudo, acredito que ofereci bons argumentos para você não se irritar quando aquele seu amigo anticatólico te chamar de romanista. Tal título, apesar do tom ofensivo, é na verdade uma indicação de que você se mantém unido a uma Igreja Apostólica, que tem suas raízes no começo da era cristã e que foi estabelecida com a mais alta honra, tendo permanecido até o dia de hoje pela promessa de Deus. Devo lembrá-los de que conhecer a história da Igreja é se deslumbrar com a providência divina, edificando e socorrendo seu povo por meio da graça; e é um alívio constatar que Deus não deixou seu empreendimento falir. Espero de verdade que meu texto tenha sido útil. Deus abençoe.

 

Foto de Anna Church na Unsplash

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Kertelen Ribeiro

Kertelen Ribeiro é uma ex-protestante convertida ao catolicismo romano. Sendo leiga, faz parte da Legião de Maria. Ama ícones, arte e se arrisca no desenho, mas ainda não sabe fazer sombra direito. Graduada em Letras – Português e pós-graduada em Tradução do Inglês pela Estácio, atua como tradutora freelancer e deseja servir a Cristo, se esforçando para fazer a Sua vontade. Livros sempre foram o caminho.

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Kertelen Ribeiro é uma ex-protestante convertida ao catolicismo romano. Sendo leiga, faz parte da Legião de Maria. Ama ícones, arte e se arrisca no desenho, mas ainda não sabe fazer sombra direito. Graduada em Letras – Português e pós-graduada em Tradução do Inglês pela Estácio, atua como tradutora freelancer e deseja servir a Cristo, se esforçando para fazer a Sua vontade. Livros sempre foram o caminho.

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