O Papa Francisco respondeu às cinco dubia que lhe foram enviadas em julho passado pelos cardeais Walter Brandmüller e Raymond Leo Burke com o apoio de outros três cardeais, Juan Sandoval Íñiguez, Robert Sarah e Joseph Zen Ze-kiun. As perguntas dos cardeais e as respostas do Papa foram publicadas nesta segunda-feira, 2 de outubro, no site do Dicastério para a Doutrina da Fé. O ponto de maior polêmica, e com certeza aquele mais discutido foi com respeito à união entre pessoas do mesmo sexo, tendo sido tratado com mais detalhes na Dubium 2 e na Nota- Resposta (Responsum ad dubium). Veja adiante, ainda nesse texto, alguns pontos esclarecedores acerca dessa Nota:

As palavras iniciais do Papa, antes de começar a responder as perguntas foram estas:
“Queridos irmãos, embora nem sempre pareça prudente responder às perguntas que me são dirigidas diretamente, e seria impossível responder a todas, neste caso pareceu apropriado fazê-lo devido à proximidade do Sínodo”.
Dubium 3
3) Dubium acerca da afirmação de que a sinodalidade é “dimensão constitutiva da Igreja” (Cost.Ap. Episcopalis Communio 6), de modo que a Igreja seria por sua natureza sinodal.
Já que o Sínodo dos bispos não representa o colégio episcopal, mas é um mero órgão consultivo do Papa, enquanto os bispos, como testemunhas da fé, não podem delegar sua confissão da verdade, se questiona se a sinodalidade pode ser critério regulamentar supremo do governo permanente da Igreja sem alterar o seu regime constitutivo desejado pelo seu Fundador, para o qual a suprema e plena autoridade da Igreja é exercitada seja pelo Papa, em virtude do seu cargo, seja pelo colégio dos bispos juntamente com a sua cabeça, o Romano Pontífice (Lumen gentium 22).
Resposta do Papa Francisco:
a) Embora reconheçam que a autoridade suprema e plena da Igreja é exercida, quer pelo Papa devido ao seu cargo, quer pelo colégio dos bispos juntamente com o seu chefe, o Romano Pontífice (Cfr. Concílio Ecumênico Vaticano II, Constituição dogmática Lumen gentium, 22), com essas mesmas perguntas vocês mesmos expressam a necessidade de participar, de expressar livremente o seu parecer e de colaborar, requerendo, assim, alguma forma de “sinodalidade” no exercício do meu ministério.
b) A Igreja é um “mistério de comunhão missionária”, todavia, esta comunhão não é somente afetiva ou etérea, mas implica necessariamente uma participação real: não só a hierarquia, mas todo o Povo de Deus, de diferentes maneiras e em diferentes níveis, pode fazer ouvir a própria voz e sentir-se parte do caminho da Igreja. Neste sentido, podemos dizer que a sinodalidade, como estilo e dinamismo, é uma dimensão essencial da vida da Igreja. Sobre este ponto, coisas muitos belas foram ditas por são João Paulo II na Novo Millennio Ineunte.
c) Outra coisa é sacralizar ou impor uma determinada metodologia sinodal que agrada um grupo, transformá-la em norma e percurso obrigatório a todos, porque isto levaria somente ao “congelamento” do caminho sinodal, ignorando as diversas características das várias igrejas particulares e a variada riqueza da Igreja universal.
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