Vendo-a os filhos de Israel, disseram uns aos outros: Que é isto?* Pois não sabiam o que era. Disse-lhes Moisés: Isto é o pão que o SENHOR vos dá para alimento.
Êxodo 16: 15
Maná significa literalmente “o que é isso?”. Foi com esse alimento misterioso que Deus nutriu os filhos de Israel pelo deserto. No livro de Apocalipse, Deus promete alimentar com o maná escondido àqueles que vencerem em seu nome (Ap 6:35). Veja que o maná já era misterioso. Agora esse maná que será dado aos que receberem a vida é ainda mais. E qual é a verdadeira natureza do maná oculto de Deus? Qual é a sua consistência, e seu efeito em nós quando nos deixarmos alimentar por Ele? Seria a vida em abundância, conferida a nós quando novamente comermos do fruto da árvore da vida que está no Jardim? Talvez. Mas mesmo agora uma escada é posta para nós até lá, de maneira que Cristo abriu um vivo caminho. Nós temos essa visão. E como ocorreu ao povo israelita, que recebeu uma antecipação do maná glorioso prometido aos vitoriosos no outro mundo, enquanto ainda caminhavam vacilantes pelo deserto dessa terra, é possível também a nós comermos dele enquanto estamos nesse mundo. E de um alimento superior! Pois fazemos parte da Nova Aliança. A Bíblia fala desse mundo como um deserto, cheio de perigos e tribulações; nós somos peregrinos, pois como é dito: “Nós não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a futura” (Hebreus 13:14), Israel é nosso objetivo. E chegar e entrar pelas portas é nossa vitória; mas para isso, para podermos sobreviver ao deserto, é necessário nos alimentarmos do pão do céu, ou não resistiremos. Esse pão do céu é Cristo, pois aquilo que foi dado aos israelitas era apenas uma figura do verdadeiro Pão do céu que viria.
Ele declarou:
⁴⁹ Vossos pais comeram o maná no deserto, e morreram.
⁵⁰ Este é o pão que desce do céu, para que o que dele comer não morra.
⁵¹ Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo.
⁵² Disputavam, pois, os judeus entre si, dizendo: Como nos pode dar este a sua carne a comer?
⁵³ Jesus, pois, lhes disse: Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos.
⁵⁴ Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia.
⁵⁵ Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida.
⁵⁶ Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.
⁵⁷ Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim.
⁵⁸ Este é o pão que desceu do céu; não é o caso de vossos pais, que comeram o maná e morreram; quem comer este pão viverá para sempre.
João 6:49-58
Ser alimentado por Deus representa uma comunhão íntima, uma dependência voluntária da presença dEle em nossa vida todo dia. Ele dispensa a nós essas graças por meio de sua Igreja. A graça invisível se torna visível em sinais comunicados ao povo de Deus desde o princípio. Chamamos tais sinais de “Sacramentos”. Um sacramento é: um Sinal visível de uma graça invisível. E Jesus disse: Eu sou o pão da Vida; aquele que vem a Mim não terá fome, e quem crê em Mim nunca terá sede (Jo 6:35). Deus promete suprir nossas necessidades e vivificar nosso espírito com o verdadeiro Pão do céu, que o Senhor garante ser Ele mesmo. Cristo promete nos dar de presente Ele mesmo: “e o pão que eu der é a minha carne”. E é por isso que o apóstolo Paulo, falando da Eucaristia, declarou: “Portanto, qualquer que comer este pão, ou beber o cálice do Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor” (1 Coríntios 11:27). E mais adiante, ele acusa aqueles que comiam indignamente a Eucaristia de fazerem isso por não serem capazes de discernir ali o corpo do Senhor: “Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor” (v. 29) Deus assegura que retirará toda carga que estivemos levando até o dia de hoje, nossas preocupações, medos; fortalecer nossos joelhos vacilantes e firmar nossos passos muitas vezes solitários por meio de sua presença. Nós devemos aprender a descansar nEle! Se deixarmos que Ele nos alimente, e isso pela fé, Ele mesmo nos conduzirá a toda boa obra, e seremos uma verdadeira “bênção” para aqueles que estão ao nosso redor, mesmo em meio ao deserto. No capítulo citado de Êxodo, encontramos escrito o seguinte, antes de Deus fazer cair o Maná sobre o povo:
“[…] Olharam para o deserto, e eis que a glória do Senhor apareceu na nuvem”
Êxodo 16: 10
