Não há uma certeza.
Todavia, temos o sólido apoio da Tradição a apontar para esta data, o que demonstra que ao menos temos certeza de que muitas das primeiras comunidades de cristãos viam motivos suficientes para aceitá-la como confiável ou mesmo precisa, havendo indícios convincentes de que essa data era a correta. O apologista norte-americano Jimmy Akin tratou do tema em um de seus artigos para a Catholic Answers, e ele começa sua linha de raciocínio assim: “Uma pesquisa feita a partir de registros bíblicos e históricos revela que fortes conclusões podem ser tiradas acerca do período do ano em que o Salvador nasceu”. No artigo, ele cita vários argumentos a favor e contrários, demonstrando como a noção de Jesus ter nascido em 25 de janeiro não é tão absurda assim. Um dos pontos que ele levanta é a ideia de que naquele período os pastores não poderiam estar ao ar livre com o rebanho, pelo fato de ser inverno, e isso eliminaria 25 de dezembro ou qualquer outra data de inverno, segundo os inimigos do Natal. Akin demonstra como essa argumentação não se sustenta pelo fato de que os judeus antigos não tinham grandes espaços internos para abrigar suas ovelhas e que os rebanhos sempre foram mantidos ao ar livre durante o inverno na Judeia, como em outras partes do mundo até hoje, inclusive em lugares onde a neve é comum, o que pode ser confirmado por uma busca rápida na internet: “winter sheep care” (“Cuidando das ovelhas no inverno”).
PAGANISMO
Ele também lida com as acusações de paganismo, demonstrando que para validar tais expeculações, seria necessário identificar antes qual feriado pagão seria este, e se os primeiros cristãos tinham a intenção de substituí-lo dessa maneira arbitrária ou se eles acreditavam mesmo que Jesus Cristo havia nascido em 25 de dezembro. Menciona:
SATURNÁLIA era comemorado no dia 17 de dezembro e, embora mais tarde ele tenha sido prolongado de modo a incluir os dias anteriores a 23 de dezembro, ele sempre terminava antes de 25 de dezembro. Portanto, não poderia ser este um bom argumento, já que a data não coincide.
SOL INVICTUS (do latim, “o Sol Invencível”), que de fato foi comemorado em 25 de dezembro. No entanto, o registro mais antigo a datá-lo nessa época, conforme Akin, é tardio e ambíguo. Trata-se da Cronografia Cristã de 354 d.C., que registra um certo “Aniversário do Invencível”, sendo celebrado nessa data no ano 354 d. C., todavia, a identidade desse tal “Invencível” não é muito clara, e sendo este é um documento cristão que em outra passagem lista o aniversário de Jesus como sendo no dia 25 de dezembro, o que pode indicar que o autor tenha se referido a Jesus Cristo como o verdadeiro Invencível no primeiro trecho – e não ao sol –, há ainda mais problemas em aceitar essa relação entre o feriado pagão e o Natal cristão.
A primeira referência a esse fatos se deu neste documento cristão, que já mencionava o nascimento de Jesus em dezembro (25) no seu contéúdo, o que torna a alegação de paganização ainda mais frágil. Também podemos lembrar o fato de que alguns cristãos primitivos já sustentavam que Jesus nasceu nessa data muito antes da Cronologia Cristã de 354 d. C., como Santo Hipólito de Roma, que nasceu no 170 e morreu em 236 d.C. :

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HIPÓLITO DE ROMA
“o primeiro advento de nosso Senhor na carne, quando nasceu em Belém, ocorreu oito dias antes das calendas de janeiro, no quarto dia [ou seja, quarta-feira], estando Augusto em seu quadragésimo segundo ano” (ou seja, III ou II a.C.) (Comentário sobre Daniel 4:23:3).
As calendas correspondem ao primeiro dia do mês e oito dias antes de 1º de janeiro corresponde a 25 de dezembro. O testemunho de Hipólito é citado pelo estudioso bíblico e professor de História e Arqueologia do Novo Testamento na Pacific School of Religion Jack Finegan, em sua obra Handbook of biblical chronology, p 326. O fato é que, embora houvesse disputa na Patrística, sobretudo com relação a datas como 06 de janeiro, defendida por S. Epifânio de Salamina em um cálculo extremamente preciso do nascimento de Cristo em sua obra Panarion 51:24:1, a fundamentação dos cristãos para defender 25 de dezembro não foi uma substituição da festa pagã. Os cristãos que a defenderam acreditavam mesmo que Jesus havia nascido em 25 de dezembro. O próprio São Crisóstomo chega a argumentar em favor da data usando a Bíblia para fundamentar sua posição, o que é mencionado também por Finegan:
Sobre a data apontada por Santo Epifânio, 6 de janeiro, ela se mantém bem próxima de 25 de dezembro e talvez tenha sido por isso estabelecida como dia dos Reis Magos pela Igreja, para manter a relação e os cristãos não deixarem de celebrar Jesus em caso de um possível erro [e Epifânio estar correto]. Isso demonstra, estando errado ou não, que havia uma preocupação real entre os cristão em fornecer um cálculo exato e preciso da data do nascimento de Cristo a partir de operações matemáticas e da razão, bem como também das Escrituras Sagradas e das informações contidas nela e na Tradição. E uma amostra de que a data 25 de dezembro gozava de ampla aceitação na Igreja foi o fato de que S. Crisóstomo chega a mencioná-la, em 386 d. C., ao pregar uma homilia pública em 20 de dezembro – em memória de São Filogônio – na qual ele observou que “o dia do nascimento de Cristo na carne” estava prestes a chegar em “dentro de cinco dias”, ou seja, em 25 de dezembro (São João Crisóstomo, Sobre a Natureza Incompreensível de Deus 6:23, 30). Santo Agostinho também afirmou categoricamente que a Tradição da Igreja confirmava a data: “segundo a Tradição, ele [Jesus] nasceu em 25 de dezembro” (De Trinitate 4:5).
Jimmy Akin apresentou mais argumentos do que estes, e você pode ler o Texto Original na íntegra: Was Jesus Born December 25th?
Todos os direitos reservados ao autor: JESUS NASCEU EM 25 DE DEZEMBRO?




