A Igreja Católica aceita os homossexuais? Será que ela poderia mudar o seu ensinamento?

joanadarc

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Este é um tema polêmico em nossos dias. E se você está aqui, então significa que tem um coração sincero e humilde o suficiente para se preocupar com o que a Igreja tem a dizer sobre isso, em um tempo em que as pessoas dificilmente estão dispostas a ouvir. Todos estão tão cheios de si e preocupados em divulgar a própria opinião, que se esquecem de parar e aprender em silêncio e contemplação. De fato, twittar argumentos e impressões sobre qualquer nova que surge na mídia é a atitude mais comum e automática atual, mesmo entre jovens pouco experientes. Mas você está aqui.

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E aí? A Igreja Católica aceita os homossexuais?

A resposta à primeira pergunta é sim. A razão pela qual vemos tanto alarde na mídia atualmente se dá justamente em razão da atitude pastoral atual da Igreja Católica em dar mais um passo significativo em direção ao acolhimento deles. Leia sobre isso aqui.

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O Papa Francisco destaca que o apoio da Igreja deve ocorrer para conferir aos irmãos nessa condição, bem como também às suas famílias, respeito devido por sua dignidade humana, um acompanhamento adequado, justo e dotado de amizade sincera. Tendo em vista a complexidade da situação, isso ocorre num sentido de ajudar o próximo em sua caminhada individual, demonstrando sensibilidade e amor fraterno, além de uma atitude de respeito e compreensão:

 

250. A Igreja conforma o seu comportamento ao do Senhor Jesus que, num amor sem fronteiras, Se ofereceu por todas as pessoas sem exceção. Com os Padres sinodais, examinei a situação das famílias que vivem a experiência de ter no seu seio pessoas com tendência homossexual, experiência não fácil nem para os pais nem para os filhos. Por isso desejo, antes de mais nada, reafirmar que cada pessoa, independentemente da própria orientação sexual, deve ser respeitada na sua dignidade e acolhida com respeito, procurando evitar «qualquer sinal de discriminação injusta» e particularmente toda a forma de agressão e violência. Às famílias, por sua vez, deve-se assegurar um respeitoso acompanhamento, para que quantos manifestam a tendência homossexual possam dispor dos auxílios necessários para compreender e realizar plenamente a vontade de Deus na sua vida.

 AMORIS LÆTITIA, 19 de Março – solenidade de São José – do ano 2016

 

Ainda assim, convém corrigir dois extremos que vemos surgir como resposta às iniciativas recentes do Magistério:

 

    1. A postura daqueles que vibram por crerem que a Igreja finalmente desprezou sua tradição e ensino milenares, frutos de mentalidade retrógrada e atrasada, devendo felizmente progredir no futuro em seu caminho rumo ao relativismo religioso e ao sincretismo, o que permitirá, muito em breve, a irrestrita aceitação de todas as pautas dos chamados movimentos LGBTQIA+;

      e

    2. A postura daqueles que sofrem por acreditarem que houve uma mudança na doutrina e uma apostasia inaceitável, o abandono da revelação confiada por Jesus Cristo ao seu povo eleito, razão pela qual deve se dar a urgente correção de tal heresia sob pena de levar os leigos à confusão total, já que o Papa e o Magistério se equivocaram.

 

É importante, pois, deixar claro que quanto ao primeiro grupo, o cuidado e o acolhimento pastoral conferidos aos homossexuais não podem ser confundidos com uma mudança na doutrina moral da Igreja, sob pena de diluir sua identidade e fidelidade cristã. O ENSINO APOTÓLICO recebido como depósito da nossa fé não permite modificar aquilo que tem sido ensinado desde o princípio. Isso ocorre porque  e é importante frisar isso — A revelação dada à Igreja não lhe pertence. A Igreja apenas é anunciadora da mensagem, não podendo modificá-la. Dessa forma, o ensino permanece: as inclinações homossexuais não são pecado em si, sendo o indivíduo homossexual acolhido e amado como filho de Deus que é, mas ainda assim, todo católico deve se conformar ao ensino da Escritura e da Tradição cristã de que os atos homossexuais são errados. Quanto ao segundo grupo, tal postura do Papa se encontra baseada na própria imitação do ministério de nosso Pastor Jesus Cristo que disse: “Eu não vim chamar justos, mas pecadores ao arrependimento”. O que nos leva à segunda pergunta:

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O que a Igreja ensina sobre a homossexualidade pode ser mudado?

A resposta é não. Não é possível ao catolicismo algum dia mudar a sua posição sobre esse tema e permitir que homossexuais se casem dentro da igreja. Os atos homossexuais não são simplesmente contrários ao ensino da Santa Igreja porque ocorrem fora do casamento, como alguns podem sugerir, mas porque são contrários ao desígnio natural estabelecido por Deus ao ser humano.

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O Papa Francisco, inclusive deixou claro tal entendimento no mesmo documento acima mencionado:

 

251. No decurso dos debates sobre a dignidade e a missão da família, os Padres sinodais anotaram, quanto aos projetos de equiparação ao matrimónio das uniões entre pessoas homossexuais, que não existe fundamento algum para assimilar ou estabelecer analogias, nem sequer remotas, entre as uniões homossexuais e o desígnio de Deus sobre o matrimónio e a família. É «inaceitável que as Igrejas locais sofram pressões nesta matéria e que os organismos internacionais condicionem a ajuda financeira aos países pobres à introdução de leis que instituam o “matrimónio” entre pessoas do mesmo sexo».

 

 

É fato que algumas pessoas possuem desejos homossexuais, seja por diversos fatores, e estejam eles dentro ou fora  do seu controle, mas quando tais desejos são atendidos, o resultado é um ato antinatural e desordenado. A Igreja é convocada a seguir os passos de seu Pastor, o Senhor Jesus Cristo, e acolher os homossexuais em seu meio com respeito e amor fraterno, num envolvimento de cuidado pastoral e sensibilidade frente aos desafios que tais irmãos enfrentam diariamente em sua condição. Contudo a Igreja não pode mudar o seu ensinamento sobre o casamento, que se funda na lei natural e na própria Escritura Sagrada. E embora os atos homossexuais sofram com a  resprovação na sociedade, não são os únicos a serem compreendidos como contrários à moral cristã e, portanto, desordenados: masturbação, sexo antes do casamento, adultério, pedofilia, etc., são todos considerados atos de desordem natural. A lei natural estabelece que um homem só pode se casar com quem foi concebido para casar: isto é, com uma mulher. Caso ele deseje esse dom do matrimônio, ele deve buscar ordenar pela razão todas as suas faculdades para alcançar esse fim. A Bíblia diz que haveria pessoas que não se casariam, e, portanto, o matrimônio não é para todos. Mas quem desejar recebê-lo deve seguir seu fim natural.

 

Os discípulos de Jesus disseram: — Se é esta a situação entre o homem e a sua esposa, então é melhor não casar. Jesus respondeu: — Este ensinamento não é para todos, mas somente para aqueles a quem Deus o tem dado. Pois há razões diferentes que tornam alguns homens incapazes para o casamento: uns, porque nasceram assim; outros, porque foram castrados; e outros ainda não casam por causa do Reino do Céu. Quem puder, que aceite este ensinamento.

Mateus 19:10-12

A respeito das coisas que vocês me escreveram, é bom que o homem não se case. Mas em vista da imoralidade sexual, cada homem deve ter a sua própria esposa, e cada mulher o seu próprio marido. O homem deve cumprir as suas obrigações de marido para com a sua esposa, assim como a mulher deve cumprir as suas obrigações de esposa para com o marido. 

1 Coríntios 7: 1-3

 

Ao homem não é lícito casar-se de forma válida com outro homem, com uma criança, com um animal, com uma boneca inflável, com um cadáver (cometendo necrofilia) ou com uma planta. Ainda que o Estado reconheça tais uniões contrárias à natureza como legítimas, a Igreja não pode reconhecê-las diante de Deus. É difícil a um cristão que luta contra a tendência homossexual ouvir tais palavras, mas ainda assim é preciso dizê-las, pois é a verdade. Para ajudá-lo a compreender a posição da Igreja,  sugiro que pondere sobre os seguintes pontos:

 

          1. A Igreja carrega uma mensagem;

          2. Não foi ela quem formulou a mensagem;

          3. Essa mensagem é como uma placa de sinalização;

          4. A Igreja não tem o direito de modificar o que a placa diz;

          5. A placa não é dela;

          6. Ela recebeu a placa, com o fim de segurá-la para aviso dos que passam;

          7. Isso não significa que a placa não pese sobre a Igreja, pois também tem pecados;

          8. A placa também acusa os seus pecados, bem como também sua hipocrisia;

          9. Por isso, a Igreja deve levantar a placa com amor, misericórdia e humildade, tal como uma mãe de braços abertos;

          10. Ainda assim, convém, para mostrar fidelidade para com Aquele que lhe deu a mensagem (Deus), que a Igreja mantenha a placa levantada.

 

Como foi dito acima, é preciso fidelidade, mas também sensibilidade e respeito, sabendo o católico compreender a condição de seu irmão e suas dificuldades e desafios. Como o Papa Francisco disse recentemente:

 

“Tal é a escuta da Virgem Maria que recebe o anúncio do Anjo com total abertura, e por isso mesmo não esconde o turbamento e os interrogativos que aquele suscita nela, mas envolve-se com grande disponibilidade na relação com Deus que a escolheu […]  Maria compreende que é destinatária de um dom inestimável, e de joelhos, isto é, com humildade e maravilha, coloca-se á escuta. Escutar ‘de joelhos’ é o melhor modo de ouvir de verdade, porque significa que estamos diante do outro não na posição de quem pensa que já sabe tudo, de quem já interpretou as coisas ainda antes de as ouvir, de alguém que olha de cima para baixo […] Não esqueçamos que somente numa ocasião é lícito olhar uma pessoa de cima para baixo: quando for para ajudá-la a levantar. Às vezes, na própria comunicação entre nós, corremos o risco de sermos como lobos vorazes. Procuramos de imediato devorar as palavras do outro sem verdadeiramente as escutar. E logo lhe atiramos na cara as nossas impressões e juízos. A verdade é que para se escutar há necessidade não só de silêncio interior, mas também de um espaço de silêncio entre a escuta e a resposta. Não é um ping-pong.”

Audiência Cúria Romana 21 de dezembro de 2023

 

 

Foto de Sara Rampazzo na Unsplash

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Sta Joana d’Arc nasceu através de um compromisso e do desejo de publicar obras notáveis de autores nacionais e estrangeiros, tanto de cunho filosófico e teológico, quanto de matéria infantil, fantástica e ficcional. Além de fazer renascer o espírito de tradições e valores antigos à sociedade como um todo, a publicação de obras que revelem a riqueza de nossa história é a melhor maneira de servir a humanidade.

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