“Como pode a crença católica na infalibilidade sobreviver aos terríveis erros de julgamento do Papa João Paulo II sobre McCarrick, ou às decisões do Papa Bento XVI sobre sanções contra ele e aos comentários do Papa Francisco não apenas com respeito a uniões civis, mas também sobre sua decisão de canonizar João Paulo II?”
Essa é a questão que explorei em um artigo recente para o Our Sunday Visitor. Depois de apontar que Jesus ora para que todos sejamos Um (João 17:20) e que São Pedro nos adverte a evitar heresias (2 Pedro 2:1), eu disse em parte:
É importante reconhecer que essas advertências contra heresia e cisma não eram coisas a serem evitadas no primeiro século. Pedro estava nos alertando – e Jesus estava orando para nós – no futuro. Portanto, não podemos usar a desculpa de que as coisas são diferentes hoje em dia. Eles estavam falando sobre nossos dias, não deles. Mas isso logicamente requer infalibilidade. Se a Igreja algum dia nos ordenasse a acreditar em algo falso, estaríamos em uma posição impossível, uma espécie de beco sem saída (dilema) em que seríamos forçados a escolher entre heresia ou cisma, apesar de ambos os caminhos nos serem proibidos. Os teólogos medievais tinham um nome para tal situação: um perplexus simpliciter, em que toda ação é pecaminosa. E eles viram claramente que era impossível que Deus jamais nos colocasse em tal situação, pois seria contrário tanto à sua natureza amorosa quanto racional forçar seu povo a fazer o que ele os proibiu de fazer. [….]
Infalibilidade é a crença de que Deus nunca nos colocará neste dilema, não porque o papa é santíssimo, mas porque Deus é. Podemos abraçar plenamente a unidade da Igreja porque temos a certeza de que, ao fazê-lo, também estamos abraçando a única e verdadeira fé. É por isso que São Tomás de Aquino diz que a canonização dos santos é infalível. Ele oferece duas razões: primeiro, que “seria um erro condenável venerar os pecadores como santos, uma vez que aqueles que descobrissem seus pecados ou heresias (se assim ocorresse) poderiam ser induzidos ao erro”; e, segundo, que “o julgamento comum da Igreja não pode ser errôneo” pela simples razão de que “somos obrigados a acreditar no que a Igreja decreta”. Já que temos de acreditar, deve ser verdade, ou então estaremos de volta àquele Catch-22 novamente. E como podemos contar com Deus para não nos prender assim, podemos, portanto, saber com certeza que as canonizações (incluindo a de São João Paulo II) são confiáveis.
Se você estiver interessado, eu o encorajo a conferir o artigo completo (não é tão longo) e deixe-me saber nos comentários aqui o que você pensa. E finalmente…
São João Paulo II, rogai por nós!




