Tive acesso ao seguinte documento: “18 razões porque não sou Católico Romano”. Esse documento foi desenvolvido por um suposto “ex-padre”. Surpreende-me o fato de as razões apresentadas por ele serem extremamente frágeis e falaciosas. Cabe a citação do profeta Oséias: “porque meu povo se perde por falta de conhecimento.” (Os 4,6). Farei uma breve resposta a algumas das 18 razões apresentadas pelo suposto “ex-padre”. Que o Espírito Santo ilumine todos que lerem essa minha resposta, “para que não continuemos crianças ao sabor das ondas, agitados por qualquer sopro de doutrina, ao capricho da malignidade dos homens e de seus artifícios Enganadores.” (Ef 4,14)
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12- Não sou Católico Romano porque não encontrei na Bíblia Sagrada a “confissão auricular”. A razão por que não encontrei, é porque foi estabelecida como doutrina pelo 4º concílio de Latrão Roma em 1215 depois de Cristo.
Há duas bases principais na Bíblia Sagrada para sustentar o sacramento da Confissão: Em João 20,21-23, Jesus dá poder aos Apóstolos de perdoarem ou reterem os pecados (e evidentemente os Apóstolos passaram isso para seus sucessores, os bispos), pois eles não permaneceriam para sempre, já a igreja sim; na carta de Tiago 5,14-16, é dado a instrução de chamar os sacerdotes (ou dependendo da tradução, “presbíteros” ou, ainda, “anciões”) e esses, pelo poder da oração, acompanhado do sacramento da Ordem que receberam dos Apóstolos, têm a faculdade de ouvir confissões e perdoar pecados. O apóstolo diz precisamente que “chamem os presbíteros da igreja“. Poderia ainda citar Atos 19,18-19 e Mateus 3,6, porém, já creio ser o suficiente que não se tratava apenas de algo realizado por um leigo. De fato, só Deus perdoa os pecados; e de fato, no sacramento da Confissão, é Deus quem perdoa! Fazendo uso da instrumentalização humana. É isso que ensina a fé católica. Para pecados tidos como “mortais”, o Senhor deixou à Igreja o sacramento da Confissão, pois a cura depende da confissão (1 Jo 1: 9 e Provérbios 28: 13-14, Salmo 32(31): 3-5); é o Senhor que perdoa na pessoa do bispo ou padre, que faz as vezes de Cristo[1]. O catecismo da Igreja Católica, no parágrafo 1461, resume bem o encargo do sacramento da Confissão:
“Uma vez que Cristo confiou aos Apóstolos o ministério da reconciliação (63) os bispos, seus sucessores, e os presbíteros, colaboradores dos bispos, continuam a exercer tal ministério. Com efeito, os bispos e os presbíteros é que têm, em virtude do sacramento da Ordem, o poder de perdoar todos os pecados, «em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo».”
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Notas
[1] O padre representa Cristo e o povo de Cristo, isto é, a Igreja. Como o ato de contrição declara: “Confesso a Deus e a vós irmãos e irmãs. Tantas vezes pequei, não fui fiel. Pensamentos e palavras, atitudes e omissões. Por minha culpa, tão grande culpa”, Cristo compartilha de seu poder de perdoar pecados com sua Igreja e a necessidade de tornar pública a confissão é uma maneira de não guardar o pecado para si e assim evitar curá-lo. “Pois o perdão dos pecados reconcilia com Deus mas também com a Igreja” (1462). Sem isso, se esvaziaria o propósito da confissão, se tão somente confessar secreta e mentalmente fosse requerido. Os cristãos em pecados muito graves necessitam compartilhar o pecado verbalmente com pessoas irmãs, para que, ao dizê-lo em voz alta e renunciá-lo publicamente, tal ação se revista de um caráter de resolução e gere mudança, além de receberem o perdão declaratório revestido de autoridade divina que Deus deu ao seu povo (“Confessai os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros para serdes curados’. Tiago 5: 16). Por isso o padre é uma pessoa que vem do povo, um de nós. Evidentemente, por razões óbvias, o aspecto público da confissão é limitado e não deve ser estendido a toda a congregação, mas apenas a um único representante dela, o sacerdote. Isso porque, pelo fato de ser constituída de muitas pessoas (algumas não verdadeiramente convertidas ou maduras), muitos provavelmente lidariam com menos caridade com os pecados alheios ou até mesmo com fofocas maldosas e posturas imprudentes. Isso faria mal aos penitentes ao invés de curá-los. Por esse motivo, o padre é o único com quem o fiel compartilha sua confissão de pecados.
Foto de Mateus Campos Felipe na Unsplash




