As notícias concentram-se em alguns parágrafos do novo documento de Francisco, Amoris Laetitia, quais sejam 242-243, 250 e 298-305, todavia, esta é apenas uma pequena parte do documento. Ao invés de fazer isso, quero fornecer um resumo médio de todo o documento usando citações e paráfrases.
Amoris Laetitia não parece ter quaisquer ideias novas e radicais, mas sim seguir a tradição da Igreja: a maioria dos argumentos teológicos remontam ao pensamento de João Paulo II, que se baseou no Vaticano II, e poderíamos seguir voltando até o próprio Jesus. Existem vários antecedentes diretos que são citados extensivamente: Gaudium et Spes, do Vaticano II, 48-51; Teologia do Corpo de João Paulo II; Familiaris Consortio de João Paulo II e as relações finais dos 2 sínodos. Francisco desenvolve o texto em torno destes documentos, mas nunca os menciona de modo a contradizê-los (o fato de pular certos parágrafos das relações do 2º Sínodo pode ser visto como um desacordo, mas também pode indicar que Francisco não os vê como importantes). O objetivo de Francisco parece ser apresentar uma visão positiva do ensinamento da Igreja sobre o casamento e a família. Ele começa com o fundamento bíblico, passa metade do capítulo 4 meditando no hino de amor de São Paulo e termina com um apelo à oração familiar. Os capítulos 5-7 apresentam iniciativas positivas que a Igreja pode realizar para ajudar o casamento e a família. Apenas o capítulo 8 trata de situações específicas complicadas, como os divorciados e os recasados civilmente, e mesmo este precisa ser visto no contexto do restante do documento.

Decidi colocar os números dos parágrafos no início de cada citação ou um pouco antes, caso eu resuma algo que leve à citação direta. Optei também por simplesmente colocar uma citação/ideia por parágrafo e, portanto, a maioria dos parágrafos são muito curtos. Eu deixo uma nota caso Francisco esteja citando alguma fonte diretamente a qual ficará no final do parágrafo entre parênteses. Decidi colocá-las assim em vez de adicionar uma nota de rodapé, porque as notas de rodapé não funcionam muito bem em sites.
Francisco inicia o documento da seguinte maneira: “A alegria do amor vivida pelas famílias é também a alegria da Igreja”. Nisso fornece a maneira positiva com a qual ele deseja abordar as questões tratadas.
1: À Luz da Palavra
Como qualquer boa teologia, Francisco contextualiza tudo o que dirá na metanarrativa bíblica que nos dá sentido. Ele quer situá-las primeiramente como reflexões evangelísticas e apenas secundariamente como reflexões acerca do estado atual das coisas.
O parágrafo 10 parece dar continuidade à Teologia do Corpo de João Paulo II: “Os majestosos primeiros capítulos do Gênesis apresentam o casal humano em sua realidade mais profunda”.
15: “Sabemos que o Novo Testamento fala de ‘igrejas que se reúnem nas casas’. O espaço de vida de uma família pode transformar-se numa igreja doméstica, num cenário para a Eucaristia, na presença de Cristo sentado à mesa”.
18: Jesus vai contra a tendência do antigo Oriente Próximo de ver as crianças “como sujeitos sem direitos particulares e até mesmo como propriedade familiar”. Em vez disso, Ele as apresenta como mestras, pela sua simplicidade. Isto é parte da visão cristã da família.
O parágrafo 30 refere-se a problemas específicos como os refugiados e a pobreza, baseando-os no olhar “para o ícone da Sagrada Família de Nazaré”.
2: As Experiências e os Desafios das Famílias
Por outro lado, Francisco fala sobre os problemas específicos que as famílias enfrentam hoje em suas circunstâncias concretas. Ele não assume a visão da teologia da libertação de que as circunstâncias constituem uma fonte teológica (locus theologicus), mas deseja encontrar as famílias onde elas estão.
31: “O bem-estar da família é decisivo para o futuro do mundo e da Igreja”.
33: “É necessário considerar igualmente o perigo crescente representado por um individualismo extremo que enfraquece os laços familiares e acaba por considerar cada membro da família como uma unidade isolada.” (citando: Relatio Synodi 2014, 5.)
35: “Como cristãos, dificilmente podemos parar de defender o casamento simplesmente para evitar contrariar as sensibilidades contemporâneas, ou [por causa de] falhas morais.”
38: “Devemos ter gratidão pelo fato de a maioria das pessoas valorizar as relações familiares que sejam permanentes e marcadas pelo respeito mútuo.”
38: “Muitos são tocados pelo poder da graça que é experimentado no sacramento da Reconciliação e na Eucaristia, graça que os ajuda a enfrentar os desafios do matrimônio e da família”.
39: Francisco vê uma “cultura do efêmero” na “velocidade com que as pessoas passam de uma relação afetiva para outra”.
39: “O narcisismo torna as pessoas incapazes de olhar além de si mesmas, além dos seus próprios desejos e necessidades.”
40: “Vivemos numa cultura que pressiona os jovens a não constituirem família, porque lhes faltam possibilidades para o futuro.” [citando: Discurso ao Congresso dos Estados Unidos (24 de setembro de 2015): L’Osservatore Romano, 26 de setembro de 2015, p. 7.]
41: “As tendências culturais no mundo de hoje parecem não estabelecer limites à afetividade de uma pessoa” (citando: Relatio Synodi 2014, 10.)
43: “Um sintoma da grande pobreza da cultura contemporânea é a solidão, decorrente da ausência de Deus na vida de uma pessoa e da fragilidade dos relacionamentos”. (citando: Relatio Synodi 2014, 6.)
44: “Famílias e lares andam juntos. Isto nos faz ver como é importante insistir nos direitos da família e não apenas nos direitos dos indivíduos”.
46: “A perseguição aos cristãos e às minorias étnicas e religiosas em várias partes do mundo, especialmente no Médio Oriente, constitui uma grande prova não só para a Igreja, mas também para toda a comunidade internacional”.
47: Devemos dar atenção às “famílias de pessoas com necessidades especiais, onde o desafio inesperado de lidar com uma deficiência pode perturbar o equilíbrio, os desejos e as expectativas de uma família… As famílias que aceitam com amor a difícil provação de uma criança com necessidades especiais devem ser fortemente admiradas. Elas prestam à Igreja e à sociedade um testemunho inestimável de fidelidade ao dom da vida”.
57: “Agradeço a Deus porque muitas famílias, que estão longe de se considerar perfeitas, vivem no amor, cumprem o seu chamado e seguem em frente, mesmo que tropecem muitas vezes pelo caminho”.
3: Olhando para Jesus: a vocação da família
Em vez de começar com uma doutrina árida para explicar o ensinamento da Igreja, Francisco concentra-se na vocação ou no chamado dos indivíduos para se unirem em famílias. Esta vocação é um chamado do Amor de Deus, do outro cônjuge e, em última análise, dos filhos.
58: “Nas famílias e entre elas, a mensagem evangélica deve sempre ressoar; o núcleo dessa mensagem, o kerygma, é o que há de “mais belo, mais excelente, mais atraente e ao mesmo tempo mais necessário”. [citando: Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (24 de novembro de 2013), 35: AAS 105 (2013), 1034.]
59: “O nosso ensinamento sobre o matrimônio e a família não pode deixar de ser inspirado e transformado por esta mensagem de amor e de ternura; caso contrário, torna-se nada além da defesa de uma doutrina seca e sem vida”.
61: “Ao contrário daqueles que rejeitaram o casamento como um mal, o Novo Testamento ensina que “tudo o que foi criado por Deus é bom e nada deve ser rejeitado” (1 Tim 4:4). O casamento é “um dom” do Senhor (1Cor 7,7).
64: “O exemplo de Jesus é um paradigma para a Igreja…” Depois Francisco prossegue apontando onde ele se uniu à vida familiar nos Evangelhos, como em Caná, na casa de Pedro, de Marta e Maria, e entre as famílias sofredoras. (citando: Relatio Finalis 2015, 41.)
68: Francisco aponta como a Humanae Vitae “trouxe à tona o vínculo intrínseco entre o amor conjugal e a geração da vida” no número 10, enquanto Karol Wojtyla (futuro João Paulo II) se concentrou na Humanae Vitae 12, onde são apresentadas as razões subjetivas. (citando: Relatio Finalis 2015, 43.)
72: “O sacramento do casamento não é uma convenção social, um ritual vazio ou apenas o sinal exterior de um compromisso”.
73: “A doação mútua no sacramento do matrimônio está fundamentada na graça do batismo, que estabelece a aliança fundamental de cada pessoa com Cristo na Igreja”. (citando: Relatio Finalis 2014, 21.)
Os parágrafos 85 e 87 revelam uma relação mútua entre as famílias e a Igreja – cada uma é um bem para a outra.
85: “A Igreja é chamada a cooperar com os pais através de iniciativas pastorais adequadas, ajudando-os no cumprimento da sua missão educativa”. Mas ela deve sempre reconhecer a primazia deles na criação dos filhos.
87: “Em virtude do sacramento do matrimônio, cada família torna-se, com efeito, um bem para a Igreja”. (citando: Relatio Finalis 2014, 23.)
4: O Amor no Casamento
Este capítulo é uma meditação profunda sobre o significado do amor e sua aplicação no casamento cristão. Se um homem ou uma mulher quiser ler qualquer parte do documento, eu recomendaria este capítulo: para leitura, para meditação e para aulas sobre casamento.
89: O Evangelho do matrimônio é incompleto sem amor. “Tudo o que foi dito até agora seria insuficiente para expressar o Evangelho do matrimônio e da família, se não falássemos também de amor”.
Os parágrafos 92-93 falam da paciência como uma virtude ativa e não simplesmente passiva quando relacionada ao amor.
92: “Ser paciente não significa deixar-se maltratar constantemente, tolerar agressões físicas ou permitir que outras pessoas nos usem”.
93: “A palavra [traduzida como “gentil”] é usada apenas aqui em toda a Bíblia. É derivada [da palavra grega usada para] uma pessoa boa, aquela que mostra sua bondade por meio de ações. Aqui, há estrito paralelismo com o verbo precedente [paciência]. Paulo quer deixar claro que a ‘paciência’ não é uma atitude completamente passiva, mas que é acompanhada de atividade, de uma interação dinâmica e criativa com os outros”.
97: “Quem ama não só se abstém de falar muito de si mesmo, mas também se concentra nos outros; ele não precisa ser o centro das atenções.”
99: “Amar é também ser gentil e atencioso. [A palavra grega] indica que o amor não é rude ou indelicado; nem é severo.”
100: O termo “anti-social” aqui refere-se a ser uma pessoa contrária à sociedade e a usar outras pessoas, não simplesmente ser “associal” – o espanhol distingue melhor estas duas palavras. Não trata-se de uma condenação a nós, introvertidos. “As pessoas anti-sociais pensam que os outros existem apenas para satisfazer as suas próprias necessidades. Consequentemente, não há espaço para a gentileza do amor e para expressá-lo”.
102: “É mais próprio do amor desejar amar do que desejar ser amado” (citando: Tomás de Aquino, Summa Theologiae, II-II, q. 27, art. 1, ad 2.)
105: “Uma vez que permitimos que a má vontade crie raízes em nossos corações, isso leva a um profundo ressentimento.”
107: “Hoje reconhecemos que ser capaz de perdoar os outros implica a experiência libertadora de compreender e perdoar a nós mesmos”.
108: “Se aceitarmos que o amor de Deus é incondicional, que o amor do Pai não pode ser comprado ou vendido, então seremos capazes de demonstrar amor sem limites e de perdoar os outros, mesmo que eles nos tenham ofendido.”
116: “O amor tudo espera. O amor não se desespera com o futuro.” Isso nos mostra que podemos mudar e criar um futuro melhor.
120: “O amor conjugal… o amor entre marido e mulher… é uma ‘união afetiva’, espiritual e sacrificial, que combina o calor da amizade com a paixão erótica, e perdura por muito tempo depois que as emoções e a paixão diminuem.”
122: “Não há necessidade de impor sobre duas pessoas limitadas o tremendo fardo de ter que reproduzir perfeitamente a união existente entre Cristo e a sua Igreja, pois o casamento como sinal implica em ‘um processo dinâmico…, que avança gradualmente com a integração progressiva dos dons de Deus.’” [citando: João Paulo II, Exortação Apostólica Familiaris Consortio (22 de novembro de 1981), 9: AAS 75 (1982), 90.]
126: “A alegria conjugal pode ser experimentada mesmo em meio à tristeza; envolve aceitar que o casamento é uma mistura inevitável de alegrias e lutas, tensões e repouso, dor e alívio, satisfações e anseios, aborrecimentos e prazeres, mas sempre no caminho da amizade, que inspira os casais a cuidarem um do outro”.
128: “O amor abre os nossos olhos e permite-nos ver, além de tudo, o grande valor do ser humano.”
130: “Poucas alegrias humanas são tão profundas e emocionantes como aquelas vivenciadas por duas pessoas que se amam e que alcançaram algo como resultado de um grande esforço compartilhado.”
131: O casamento é público porque diz respeito a sair de casa para construir uma nova vida corresponsavelmente unido ao outro. “O casamento é um meio de expressar que verdadeiramente abandonamos a segurança do lar onde crescemos para construir outros laços fortes e assumir uma nova responsabilidade por outra pessoa. Isto é muito mais significativo do que uma mera associação espontânea para gratificação mútua, que transformaria o casamento num assunto puramente privado.”
132: “Optar desta forma pelo casamento expressa uma decisão genuína e firme de unir caminhos, aconteça o que acontecer. Dada a sua gravidade, este compromisso público de amor não pode ser fruto de uma decisão precipitada, mas também não pode ser adiado indefinidamente”.
O parágrafo 137 dá conselhos práticos, especialmente para os homens: “Reserve um tempo, tempo de qualidade. Isto significa estar pronto para ouvir com paciência e atenção tudo o que o outro deseja dizer… Muitas vezes o outro cônjuge não precisa de uma solução para os seus problemas, mas simplesmente ser ouvido, e sentir que alguém reconheceu a sua dor, a sua desilusão, o seu medo, sua raiva, suas esperanças e sonhos.”
143: “Desejos, sentimentos, emoções… todos têm um lugar importante na vida de casado. Eles são despertados sempre que ‘outro’ se torna presente e faz parte da vida de uma pessoa”.
146: “Se a paixão acompanha um ato livre, ela pode manifestar a profundidade desse ato.”
A maturidade emocional em uma família ajuda todos os membros a crescer, decidir e assumir grandes projetos.
146: “Uma família é madura quando a vida afetiva dos seus membros se torna uma forma de sensibilidade que não sufoca nem obscurece as grandes decisões e valores, mas antes segue a liberdade de cada um”.
149: “Da mesma forma, os casais respondem à vontade de Deus quando adotam a injunção bíblica: ‘Alegrai-vos no dia da prosperidade’ (Ec 7,14).”
150: “O desejo sexual não é algo a ser desprezado.”
152: “De modo algum, então, podemos considerar a dimensão erótica do amor simplesmente como um mal permissível ou um fardo a ser tolerado para o bem da família”.
153: “O sexo muitas vezes torna-se despersonalizado e pouco saudável; como resultado, ‘torna-se ocasião e um instrumento de auto-afirmação e de satisfação egoísta dos desejos e instintos pessoais’”. [citando: João Paulo II, Carta Encíclica Evangelium Vitae (25 de Março de 1995), 23: AAS 87 (1995), 427.]
156: “Toda forma de submissão sexual deve ser claramente rejeitada.”
158-162 enfatizam o valor das vocações dos não casados para a Igreja.
158: “Muitas pessoas solteiras não se dedicam apenas à própria família, mas muitas vezes prestam um grande serviço no grupo de amigos, na comunidade eclesial e na vida profissional… A sua dedicação enriquece muito a família, a Igreja e a sociedade”. (citando: Relatio Finalis 2015, 22.)
159: “A virgindade é uma forma de amor… É também um reflexo da plenitude do céu”.
161: “A virgindade e o casamento são, e devem ser, formas diferentes de amar. Pois ‘o homem não pode viver sem amor’. Ele permanece um ser incompreensível para si mesmo, a sua vida não tem sentido, se o amor não lhe for revelado’” (citando João Paulo II, Carta Encíclica Redemptor Hominis (4 de Março de 1979), 10: AAS 71 (1979), 274 .)
164: “Amamos a outra pessoa pelo que ela é, não apenas pelo seu corpo. Embora o corpo envelheça, ele ainda expressa aquela identidade pessoal que primeiro conquistou nosso coração. Mesmo que os outros não consigam mais ver a beleza dessa identidade, o cônjuge continua a vê-la com os olhos do amor e assim o seu afeto não diminui”.
5: Amor que se tornou frutífero
Esta parece ser uma continuação da meditação do capítulo quatro, concentrando-se no casamento, trazendo-o para a esfera prática da criação dos filhos numa família.
165: “O amor sempre dá vida.”
166: “A família é o ambiente onde não só nasce uma vida nova, mas também é acolhida como dom de Deus”.
166: “O dom de um novo filho, que o Senhor confiou a um pai e a uma mãe, começa com a aceitação, tem sua continuidade com a proteção para toda a vida e encontra seu objetivo final na alegria da vida eterna”.
167: “As famílias numerosas são uma alegria para a Igreja. Eles são uma expressão da fecundidade do amor”.
O aborto nunca é uma opção, já a adoção e o acolhimento são incentivados.
170: “Alguns pais acham que o filho não chega na melhor hora. Eles deveriam pedir ao Senhor que os curasse e os fortalecesse para aceitarem seus filhos de forma plena e de todo o coração.”
170: “Uma criança é um ser humano de imenso valor e nunca pode ser usada em benefício próprio. Portanto, pouco importa se esta nova vida é conveniente para você ou não, se tem características que lhe agradam ou se ela se enquadra nos seus planos e aspirações. Pois ‘as crianças são um presente. Cada uma é única e insubstituível… Amamos os nossos filhos porque são crianças, não porque são belos, ou porque pareçam ou pensem como nós, ou mesmo porque personifiquem os nossos sonhos. Nós as amamos porque são crianças. Uma criança é uma criança.’” [citando: Catequese (11 de fevereiro de 2015): L’Osservatore Romano, 12 de fevereiro de 2015, p. 8.]
174: “As mães são o mais poderoso antídoto contra a propagação do individualismo egocêntrico… São elas que testificam a beleza da vida.” [citando: Catequese (7 de janeiro de 2015): L’Osservatore Romano, 7-8 de janeiro de 2015, p. 8.]
176: “Na cultura ocidental, diz-se que a figura paterna está simbolicamente ausente, desaparecida ou obscurecida. A própria masculinidade parece ser questionada. O resultado disso tem sido uma confusão compreensível.”
178: “O casamento não foi instituído apenas para a procriação dos filhos… Mesmo nos casos em que, apesar do intenso desejo dos cônjuges, não há filhos, o casamento ainda conserva o seu caráter de modo integral e de comunhão de vida, preservando o seu valor e indissolubilidade.” (citando: Concílio Ecumênico Vaticano II, Constituição Pastoral sobre a Igreja no Mundo Moderno Gaudium et Spes, 50.)
179: “Adotar uma criança é um ato de amor, é oferecer o dom de uma família a quem não tem”.
180: “A opção pela adoção e pelo acolhimento exprime um tipo peculiar de fecundidade na experiência matrimonial, e não apenas nos casos de infertilidade… Torna as pessoas cientes de que os filhos, sejam naturais, adotivos ou vindos da assistência social, são pessoas com direito próprio, que precisam ser aceitas, amadas e cuidadas, e não apenas trazidas a este mundo.”
186: “A Eucaristia exige que sejamos membros do único corpo da Igreja. Aqueles que se aproximam do Corpo e do Sangue de Cristo não podem ferir esse mesmo Corpo criando distinções e divisões escandalosas entre os seus membros”.
193: “A falta de memória histórica é uma grave deficiência na nossa sociedade.”
196: “O amor entre marido e mulher e, de forma derivada e mais ampla, o amor entre membros de uma mesma família… ganha vida e sustento por meio de uma incessante dinâmica interior que conduz a família a uma comunhão cada vez mais profunda e intensa, que é o fundamento e a alma da comunidade do matrimônio e da família”. [citando: João Paulo II, Exortação Apostólica Familiaris Consortio (22 de novembro de 1981), 18: AAS 74 (1982), 101.]
6: Algumas Perspectivas Pastorais
Os primeiros 2/3 deste capítulo discutem uma série de problemas, como doença do cônjuge ou falhas de comunicação, que podem surgir no casamento, um por um. O Papa dá bons conselhos, todavia, bastante gerais, que espero que qualquer bom padre possa fornecer. Não vou citar cada um deles: se você estiver lidando com um assunto específico, leia a primeira linha dos parágrafos deste capítulo até encontrar o seu problema.
200: “As famílias cristãs, pela graça do sacramento do matrimônio, são os principais agentes do apostolado familiar, sobretudo através do ‘seu testemunho cheio de alegria na qualidade de igrejas domésticas’” (citando: Relatio Synodi 2014, 30).
O parágrafo 204 fala sobre a importância de profissionais leigos que auxiliam o ministério da Igreja no casamento e na família através da sua experiência e conhecimento.
206: “A castidade revela-se inestimável para o crescimento genuíno do amor entre as pessoas”.
O 212 incentiva os noivos a terem a coragem de serem diferentes e prosseguirem com uma pequena celebração de casamento, em vez de adiá-lo de modo a terem uma grande festa.
219: “Lembro-me de um velho ditado: a água parada fica estagnada e não serve para nada. Se, nos primeiros anos de casamento, a experiência amorosa de um casal estagna, ele perde a própria excitação que deveria ser a sua força propulsora. O amor juvenil precisa continuar dançando rumo ao futuro com imensa esperança.”
221: Francisco encoraja o realismo: “Entre as causas dos casamentos desfeitos estão as expectativas excessivamente altas com respeito à vida conjugal”.
227: “Nós, pastores, devemos encorajar as famílias a crescer na fé. Isso significa encorajar confissões frequentes, orientação espiritual e retiros ocasionais. Significa também incentivar a oração familiar durante a semana, pois ‘a família que reza unida permanece unida’”.
O 230 diz que a Igreja precisa ajudar os casais a retornarem plenamente à prática da sua fé quando comparecem aos sacramentos dos seus filhos.
234: No casamento, “as crises precisam ser enfrentadas juntos”.
234: “A comunicação [especialmente no casamento] é uma arte aprendida nos momentos de paz com o fim de ser praticada nos momentos de dificuldade”.
A Igreja precisa ministrar aos divorciados, especialmente àqueles que foram injustamente separados ou abandonados ou que buscaram o divórcio após tratamento injusto por parte do cônjuge.
242: “É necessário mostrar respeito especialmente pelos sofrimentos daqueles que suportaram injustamente a separação, o divórcio ou o abandono, ou daqueles que foram forçados por maus tratos da parte do marido ou da esposa a interromper a sua vida juntos”. (citando: Relatio Synodi 2014, 47.)
242: “Os divorciados que não voltaram a casar, e que muitas vezes dão testemunho da fidelidade conjugal, devem ser encorajados a encontrar na Eucaristia o alimento de que necessitam para se sustentarem no seu atual estado de vida”. (citando: Relatio Synodi 2014, 50.)
243: “Os divorciados que iniciam uma nova união devem sentir-se parte da Igreja. ‘Eles não estão excomungados.’”
Perceba como a Eucaristia é mencionada explicitamente aqui quando se fala daqueles que vivem como celibatários após o divórcio, mas não quando se fala dos divorciados que voltaram a casar.
O 245 observa que na separação e no divórcio as maiores vítimas são muitas vezes as crianças, que são sempre inocentes. Nos processos de divórcio e separação, “o bem dos filhos deve ser a principal preocupação… Nunca, jamais, tome o seu filho como refém! Você se separou por muitos problemas e motivos. A vida te deu esta provação, mas os vossos filhos não deveriam ter de suportar o fardo desta separação ou ser usados como reféns contra o outro cônjuge.”
O 247 reafirma as normas atuais para a Comunhão aos cônjuges cristãos, mas não católicos.
250: Em relação às pessoas que sentem atração pelo mesmo sexo, Francisco reafirma o artigo 2358 do Catecismo da Igreja Católica (publicado em 1992 sob a autoridade de João Paulo II) contra a discriminação injusta. “Gostaríamos, antes de mais nada, de reafirmar que cada pessoa, independentemente da orientação sexual, deve ser respeitada na sua dignidade e tratada com consideração, ao passo que ‘qualquer sinal de discriminação injusta’ deve ser cuidadosamente evitado.”
251: “Não há absolutamente nenhuma base para considerar que as uniões homossexuais sejam de alguma forma semelhantes ou mesmo remotamente análogas ao plano de Deus para o casamento e para a família.” Esta é uma linguagem particularmente contundente que tem sido ignorada pela maior parte dos meios de comunicação social.
7: Rumo a uma melhor educação das crianças
Este capítulo é curto e focado na educação adequada dos filhos. Ele não será muito citado nos meios de comunicação social, exceto talvez fora do contexto de outras agendas não relacionadas à educação das crianças na fé. No entanto, contém algumas lições importantes sobre como ensinar esperança às crianças e levá-las a um amor abnegado pelos outros.
259: “Os pais sempre influenciam o desenvolvimento moral dos filhos, para melhor ou para pior. Segue-se que devem assumir este papel essencial e desempenhá-lo de forma consciente, entusiasmada, razoável e adequada.”
O parágrafo 261 observa os perigos de uma certa paternidade excessiva ou “a paternidade helicóptero”: “A obsessão, no entanto, não é educação. Não podemos controlar todas as situações que uma criança pode vivenciar… Se os pais estão obcecados em saber sempre onde os seus filhos estão e em controlar todos os seus movimentos, apenas estrão em busca de dominar o espaço. Mas esta não é a forma de educar, fortalecer e preparar os seus filhos para enfrentarem os desafios.”
266: Numa nota prática, Francisco observa que as crianças precisam aprender “Por favor”, “Obrigado” e “Desculpe” se quiserem que os outros vejam a sua boa disposição.
267: “A liberdade é algo magnífico, mas também pode ser dissipada e perdida. A educação moral tem a ver com cultivar a liberdade.”
270: “É importante que a disciplina [das crianças] não leve ao desânimo, mas seja, em vez disso, um estímulo para novos progressos.”
O parágrafo 271 indica que a educação moral exige das crianças uma quantidade proporcional de sacrifício para que aprendam e cresçam, em vez de se ressentirem com a autoridade.
273: “Uma pessoa pode desejar algo mau de forma clara e voluntária, mas fazê-lo como resultado de uma paixão irresistível ou de uma educação pobre.” Pode parecer que isso conceda permissão para se fazer qualquer coisa, mas na verdade refere-se à consciência da pessoa, em que ela não está ciente de que determinada coisa é pecado. Precisamos criar os filhos para que isso não aconteça.
279: “Quando as crianças são levadas a sentir que só se pode confiar nos seus pais, isso dificulta um processo adequado de socialização e crescimento na maturidade afetiva”.
280: Precisamos que “uma ‘educação sexual positiva e prudente’ seja transmitida às crianças e aos adolescentes ‘à medida que envelhecem’”. (citando: Concílio Ecumênico Vaticano II, Declaração sobre a Educação Cristã Gravissimum Educationis, 1.)
283: “Frequentemente, a educação sexual trata principalmente da “proteção” através da prática do “sexo seguro”. Tais expressões transmitem uma atitude negativa em relação à finalidade procriativa natural da sexualidade, como se um eventual filho fosse um inimigo contra o qual devemos nos proteger. Esta forma de pensar promove o narcisismo e a agressividade em vez da aceitação.”
285: “A educação sexual deve também incluir o respeito e a apreciação pelas diferenças, como forma de ajudar os jovens a superar a sua auto-absorção e a serem abertos e a aceitarem os outros.”
286: “A configuração do nosso próprio modo de ser, seja como homem ou como mulher, não é simplesmente o resultado de fatores biológicos ou genéticos, mas de múltiplos elementos… É verdade que não podemos separar o masculino e o feminino da obra de Deus de criação, que é anterior a todas as nossas decisões e experiências, e onde existem elementos biológicos que são impossíveis de ignorar”. Francisco usa isto para abordar o “machismo”: “Assumir as tarefas domésticas ou alguns aspectos da criação dos filhos não o torna menos masculino nem implica fracasso, irresponsabilidade ou motivo de vergonha”.
287: “A educação dos filhos exige um processo ordenado de transmissão da fé… o lar deve continuar a ser o lugar onde aprendemos a apreciar o significado e a beleza da fé, a rezar e a servir o próximo”.
288: “A educação na fé deve adaptar-se a cada criança”. Penso que isto vai além de apenas atualizar os materiais do CCD, mas também é olhar para as diversas maneiras como as crianças aprendem, incluindo coisas como Myers-Briggs e os desafios especiais como os das crianças autistas que processam as coisas de forma diferente.
8: Acompanhar, Discernir e Integrar Fraquezas
Este capítulo trata do alcance da Igreja aos fracos ou àqueles que caíram de uma forma particular. É o capítulo mais controverso, com pessoas interpretando-o de maneiras que vão além e às vezes até mesmo contra o texto. Tentarei ficar o mais próximo possível do texto e, ao mesmo tempo, resumir, para evitar mal-entendidos aquilo que Francisco quer dizer, que decorre diretamente do que João Paulo II diria.
291: “Embora a Igreja perceba que qualquer ruptura do vínculo matrimonial ‘é contra a vontade de Deus’, ela também está ‘consciente da fragilidade de muitos de seus filhos’” (citando: Relatio Synodi 2014, 24).
O parágrafo 292 dá uma grande definição do casamento: “O casamento cristão, como reflexo da união entre Cristo e a sua Igreja, realiza-se plenamente na união entre um homem e uma mulher que se entregam um ao outro em um amor livre, exclusivo e fiel, no qual ambos pertencem um ao outro até à morte e são abertos à transmissão da vida, sendo consagrados pelo sacramento, que lhes concede a graça de se tornarem uma igreja doméstica e o fermento da vida nova para a sociedade. Algumas formas de união contradizem radicalmente este ideal, enquanto outras o realizam de forma pelo menos parcial e análoga.”
O parágrafo 293 diz que a Igreja deve ministrar pastoralmente aos que coabitam tendo em vista um eventual casamento.
O parágrafo 294 menciona os problemas relacionados à pobreza que causam as uniões de fato em razão de o preço da festa de casamento ser demasiado elevado e propõe algumas soluções possíveis.
295: A lei da gradualidade proposta por João Paulo II: “Esta não é uma ‘gradualidade do direito’, mas antes uma gradualidade no exercício prudencial de atos livres por parte de sujeitos que não estão em condições de compreender, apreciar ou cumprir plenamente as exigências objetivas da lei”.
296: “O caminho da Igreja… sempre foi o caminho de Jesus, o caminho da misericórdia e da reintegração… O caminho da Igreja é não condenar ninguém para sempre; é derramar o bálsamo da misericórdia de Deus sobre todos aqueles que o pedem com coração sincero… Pois a verdadeira caridade é sempre imerecida, incondicional e gratuita”. A frase sobre “não condenar ninguém para sempre” refere-se à condenação terrena e não nega a existência do Inferno. [citando: Homilia na Missa celebrada com os novos Cardeais (15 de fevereiro de 2015): AAS 107 (2015), 257.]
297: “Se alguém ostenta um pecado objetivo como se fizesse parte do ideal cristão, ou deseja impor algo diferente daquilo que a Igreja ensina, o tal não pode de forma alguma presumir ensinar ou pregar a outras pessoas; este é um caso de algo que gera a separação da comunidade. Tal pessoa precisa ouvir mais uma vez a mensagem do Evangelho e o seu apelo à conversão”.
O parágrafo 298 segue João Paulo II ao admitir que os “segundos casamentos” podem continuar moralmente por razões como a educação dos filhos, todavia, devem ser celibatários. O celibato não é mencionado por Francisco, mas as suas repetidas referências à Familiaris Consortio o indicam onde JP2 o declara de forma explícita.
O parágrafo 298 também menciona que os indivíduos em “segundos casamentos” poderiam pensar em seu interior que os seus primeiros casamentos eram inválidos, mas não dá nenhuma indicação pastoral com base nisso.
299: “Os batizados divorciados e recasados civilmente precisam ser mais plenamente integrados nas comunidades cristãs, de todas as maneiras possíveis, evitando qualquer ocasião de escândalo. A lógica da integração é a chave do seu cuidado pastoral, um cuidado que lhes permitiria não só perceber que pertencem à Igreja como corpo de Cristo, mas também saber que nela podem viver uma experiência alegre e fecunda. ” (citando: Relatio Finalis 2015, 84.)
O parágrafo 300 afirma explicitamente que o documento não está alterando as regras universais: “Nem o Sínodo nem esta Exortação poderiam fornecer um novo conjunto de regras gerais, de natureza canônica e aplicáveis a todos os casos”.
Após o divórcio, o parágrafo 300 sugere que os cônjuges devem refletir sobre como lidaram com todo o casamento e com a separação: “Uma reflexão sincera pode fortalecer a confiança na misericórdia de Deus que não é negada a ninguém”. (citando: Relatio Finalis 2015, 85.)
300: “Dado que a gradualidade não se encontra na própria lei, tal discernimento [isto é, sobre as 2ªs uniões irregulares] nunca pode prescindir das exigências evangélicas de verdade e de caridade, tal como propostas pela Igreja.”
A primeira metade do parágrafo 301 explica os casos em que a imputabilidade ou a responsabilidade moral do indivíduo é diminuída devido a fatores atenuantes. A segunda metade 301 a princípio parece confusa, mas é apenas uma reiteração da primeira metade, uma vez que a lemos no contexto.
305: “Um pastor não pode sentir que basta simplesmente aplicar leis morais a quem vive em situações ‘irregulares’, como se fossem pedras para atirar na vida das pessoas”. Isto se refere a uma teologia moral excessivamente negativa que busca a condenação em detrimento da misericórdia.
Em 305, Francisco cita a Comissão Teológica Internacional explicando como a lei natural não é um conjunto de regras a priori, mas uma inspiração objetiva às decisões pessoais de cada indivíduo.
305: “É possível que numa situação objetiva de pecado – que pode não ser subjetivamente culpável, ou plenamente culpável – uma pessoa possa viver na graça de Deus, possa amar e também crescer na vida da graça e da caridade, recebendo ao mesmo tempo a ajuda da Igreja para este fim”. Isto se refere a pessoas que vivem em estado de pecado (como coabitação ou casamento civil não sacramental) sem perceber que aquilo que fazem é pecaminoso.
O parágrafo 306 diz que devemos sempre seguir o caminho da caridade e do convite ao lidar com aqueles que vivem em pecado objetivo.
307: “De modo algum a Igreja deve desistir de propor o ideal pleno do matrimônio, o plano de Deus em toda a sua grandeza”.
307: “Os jovens batizados devem ser encorajados a compreender que o sacramento do matrimônio pode enriquecer as suas perspectivas de amor e que podem ser sustentados pela graça de Cristo no sacramento, bem como também pela possibilidade de participarem plenamente na vida da Igreja.” (citando: Relatio Synodi 2014, 26.)
É importante notar que Francisco usa “participar plenamente” para os jovens que consideram o casamento no parágrafo 307, enquanto se refere aos divorciados e recasados civilmente apenas como sendo “plenamente integrados” ou “participantes” na Igreja, indicando que ele percebe haver algumas limitações em sua plena participação.
O parágrafo 308 aponta para a necessidade de acompanhar as pessoas em situações irregulares, ajudando-as a crescer, abrindo espaço à misericórdia de Deus.
310: “A misericórdia não é apenas obra do Pai; torna-se um critério para saber quem são seus verdadeiros filhos. Em uma palavra, somos chamados a mostrar misericórdia porque a misericórdia foi mostrada primeiro a nós”. (citando: Bull Misericordiae Vultus (11 de abril de 2015), 9: AAS 107 (2015): 405.)
311: “A misericórdia não exclui a justiça e a verdade, mas antes de mais nada devemos dizer que a misericórdia é a plenitude da justiça e a manifestação mais radiante da verdade de Deus”.
9: A Espiritualidade do Casamento e da Família
Este capítulo resume todo o documento numa espiritualidade da família. O objetivo principal é perceber a presença de Deus na família e orar junto a Ele.
315: “A presença do Senhor habita nas famílias reais e concretas, com todas as suas dificuldades e lutas diárias, alegrias e esperanças”.
315: “A espiritualidade do amor familiar é feita de milhares de gestos pequenos, todavia, reais”.
317: “Se uma família estiver centrada em Cristo, Ele unificará e iluminará toda a sua vida”.
318: “A oração familiar é uma forma especial de expressar e fortalecer esta fé pascal”.
320: “Ninguém, a não ser Deus, pode pretender apoderar-se do núcleo mais profundo e pessoal do ente amado; só Ele pode ser o centro último da vida deles.”
322: “Toda a vida familiar é um “pastoreio” na misericórdia. Cada um de nós, pelo nosso amor e carinho, deixa uma marca na vida dos outros.”
325: “O ensinamento do Mestre… sobre o matrimônio situa-se – e não por acaso – no contexto da dimensão última e definitiva da nossa existência humana.”
É isso.
Nota sobre Republicação:
Não modificando: basta me dar o crédito, pagar o valor normal de freelancer se você pagar e me enviar um link através da minha página de contato.
Modificando: Entre em contato comigo e vamos trabalhar juntos.
Todos os Direitos Reservados a Matthew P. Schneider
Tradução de Key Quotes from Amoris Laetitia: About Every Family Not Just Divorced and Civilly Remarried




