EM DEFESA DA CONSCIÊNCIA E DA IMORTALIDADE DAS ALMAS vs LUCAS BANZOLI PARTE 17: Os mortos nada sabem?

Dave Armstrong

Dave Armstrong

Parte 17 – Analisando Eclesiastes 9: 5: “Os mortos não sabem nada” e  Salmo 146: 4: “Seus pensamentos perecem”

 

Lucas Banzoli é um escritor teológico brasileiro muito ativo, que nega que Jesus seja imutável em Sua natureza divina (ou seja, a julgar pelo padrão do teísmo clássico trinitário, ele basicamente nega que Jesus seja Deus; portanto, não pode ser classificado como trinitário ou como cristão). Ele tem mestrado em teologia, graduação e pós-graduação em história, licenciatura em letras e é professor de história, autor de 25 livros, além de blogueiro (mas agora inativo) de ao todo seis blogs. Ele continua ativo no YouTube.

 

Esta é minha 53ª refutação dos escritos de Banzoli. De  25/05/22  até 12/11/22 (quase metade de 1 ano), ele não havia escrito uma única palavra em resposta. Desde então, respondeu três vezes. Por que tão poucas vezes e tão tarde? Bem, ele diz que é porque meus artigos são “sem exceção pobres, superficiais e fracos. . . apenas uma pessoa com deficiência cognitiva grave estaria inclinada a levá-los “a sério”. Ele não “perdeu tempo lendo” 37 das minhas primeiras 40 respostas (sendo apenas três artigos a sua evidência da inutilidade de todos os meus mais de 4.000 artigos e 51 livros escritos). Ele também negou que eu tivesse um “emprego” e alegou que eu não “trabalhava”. Mas concluiu que me responder é tão “divertido” que resolveu “fazer questão de refutar” meus artigos “um a um”. Eu descartei seus insultos pessoais implacavelmente falsos em postagens do Facebook datadas de 131/01/22 e 15/11/22 e 23/11/22. Meu esforço atual é uma longa resposta dividida em várias partes ao livro autopublicado de 1.900 páginas de Lucas Banzoli, A Lenda da Imortalidade da Alma, publicado em 1º de agosto de 2022. Ele afirma ter “coberto em profundidade todos os argumentos imortalistas” e ter “apresentado todas as evidências bíblicas da morte da alma…” Além disso, ele afirmou com confiança: “a imortalidade da alma está na raiz de quase todo engano destrutivo e religião falsa”. Ele mesmo admite na página 18 de sua Introdução que aquilo a que ele se opõe é defendido por “quase todos os cristãos do mundo”.

Um erro antibíblico sincero (e presumo que haja sinceridade nele) não é menos perigoso do que uma mentira deliberada, e nós, apologistas, seremos “julgados com maior rigor” por quaisquer ensinos falsos que espalharmos (Tg 3:1).

Veja as outras partes da minha resposta:

#1 Em Defesa da Consciência e da Imortalidade das Almas (contra Lucas Banzoli): Preliminares

#2 (Gênesis 2:7 e o idioma hebraico/bíblico de Sinédoque) 

#3 (Hebraico, Nephesh [Alma]: Massivo Uso Bíblico Figurativo) 

#4 (Apocalipse 6:9: “As Almas” no Céu / 16 Provas Bíblicas de que as Almas estão Conscientes Após a Morte) 

#5 (Apocalipse 6:9: As “Almas” no Céu de Novo) 

# 6 (Teorias da conspiração sobre Bíblias e os muitos significados da palavra “alma” nas Sagradas Escrituras) 

# 7 (Banzoli decide – finalmente! – responder ao meu segundo post [# 5] Sobre as almas debaixo do altar no céu) 

# 8 – Em Defesa da Consciência e da Imortalidade das Almas (contra Lucas Banzoli): Banzoli nega a Divindade

#9 – Mateus 10:28: Jesus ensinou que uma alma pode ser aniquilada? 

#10 – A História de Lázaro e o Homem Rico (Lc 16:19-31) com Relação à Doutrina das Almas Imortais 

#11 – A “Segunda Morte” = “Lago de Fogo” = Tormento Eterno no Inferno. Jesus e Lucas acreditavam tanto no Hades quanto no inferno 

# 12 – Paulo afirma três vezes que as almas continuam sua existência fora do corpo / Banzoli afirma que os anjos são seres materiais

#13 – Heróis Bíblicos Mortos que Retornaram à Terra: Samuel e Saul / Moisés e Elias na Transfiguração de Jesus 

#14 – A visita de Jesus (depois de sua morte) ao Hades, pregando aos “espíritos em prisão” e libertando os “cativos” 

#15 – Sobre Hebreus 12:23: “os espíritos dos justos aperfeiçoados”

#16-  Sheol (Hades): Seria Meramente o “Túmulo” ou a Morada “Subterrânea” das Almas Mortas Conscientes? 

# 17 – Um Católico analisando Eclesiastes 9: 5: “Os mortos não sabem nada” / Salmo 146: 4: “Seus pensamentos perecem”

 

Veja também os artigos relacionados ao tema:

 

7 Respostas a Banzoli sobre a Intercessão dos Santos (vs. Lucas Banzoli) 

Resposta ao “desafio” de Banzoli sobre a Intercessão dos Santos 

O que a Bíblia fala sobre ORAR DIRETO A DEUS (vs. Lucas Banzoli) 

Minha Resposta ao artigo de Banzoli “Analisando a ‘evidência’ da intercessão dos santos” 

 

 

Salmos 6:5 Pois na morte não há lembrança de ti; no Sheol quem te louvará? [citado por Banzoli nas p. 369, 608, 704, 770, 777, 799, 1199 e 1269]

Salmos 115:17 Os mortos não louvam ao SENHOR, nem os que descem ao silêncio. [citado por Banzoli nas p. 756 e 1269]

Salmo 146:4 Quando sua respiração sai, ele retorna à sua terra; naquele mesmo dia perecem seus planos. [KJV: “seus pensamentos perecem”] [citado por Banzoli nas p. 313, 464, 741, 746, 777, 799, 1199 e 1265]

Eclesiastes 9:5-6, 10 Pois os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos nada sabem, e tampouco terão mais recompensa; mas a sua memória está perdida. [v. 6] O seu amor, o seu ódio e a sua inveja já pereceram, e para sempre não têm eles parte em tudo o que se faz debaixo do sol… [v. 10] Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o com todas as suas forças; porque não há obra, nem pensamento, nem conhecimento, nem sabedoria no Sheol, para onde tu vais. [9:5 citado por Banzoli nas p. 369, 563, 715, 754, 756, 777, 782, 799, 1199, 1257 e 1269 / 9:10 citado nas p. 53, 535, 603, 704, 743, 753, 777, 782, 955, 1199 e 1224]

Isaías 38:18 Porque o Seol não te pode louvar, nem a morte te glorificar; aqueles que descem à cova não podem esperar pela tua fidelidade. [citado por Banzoli nas p. 369, 553, 611, 630, 643, 743, 756, 770 e 790]

 

Argumentum ad Nauseam

Provérbios 26:11 diz: Como o cão torna ao seu vômito, assim o tolo repete a sua estultícia.

Um argumentum ad nauseam (em português, “argumentar até provocar náusea”, também conhecido como argumento por repetição) é a falácia lógica de que algo se torna verdadeiro se for repetido com frequência suficiente. Trata-se de um subgrupo de argumento por afirmação e é uma falácia informal. Um argumento ad nauseam que poderia ser facilmente demonstrado ser falso leva ao chamado “ponto refutado mil vezes[1]”. Devido ao ciclo moderno de notícias a cabo 24 horas por dia e ao fato de que todo idiota agora tem um blog, o argumentum ad nauseam tornou-se particularmente prevalente. Na política, geralmente é usado na forma de um tópico da conversa, que é reduzido a uma frase de efeito de três segundos e repetida em todas as oportunidades disponíveis. Na blogosfera, ele assume a forma de um meme, onde todo blogueiro com a mesma opinião repete uma declaração usada por outro blogueiro. E o Twitter… só piorou esta última forma de propaganda viral. Replicar uma opinião repetidas vezes parece convencer as pessoas de que ela é verdadeira, em grande parte porque simula o efeito de um apelo ao povo (argumentum ad populum). Além disso, ao assumir como fato aquilo que precisa de prova, é circular e, portanto, equivale a petição de princípio (petitio principii). (Wikipedia “Argumentum ad nauseam”)

 

JOÃO CALVINO E O SONO DA ALMA

 

Flemish school

Banzoli, é claro, está utilizando todas essas passagens para provar (assim pensa ele erroneamente) que os mortos não estão conscientes de forma alguma e que estão na verdade “dormindo”. João Calvino comentou sobre o Salmo 115:17, Isaías 38:18 (referindo-se a Ezequias) e outras passagens semelhantes (Sl 30:9; 88:11; Eclesiástico [deuterocanônico!] 17:26):

 

Nossa resposta a isso é que nessas passagens o termo “morto” não é aplicado simplesmente àqueles que pagaram a dívida comum da natureza ao partir desta vida: tampouco é simplesmente dito que os louvores a Deus cessam com a morte; mas o significado em parte é que ninguém cantará louvores ao Senhor, exceto aqueles que sentiram sua bondade e misericórdia; e em parte, que seu nome não é celebrado após a morte, posto que seus benefícios não são declarados entre os homens como o são na terra. Consideremos todas as passagens e tratemos delas em ordem, de modo que possamos dar a cada uma o seu significado apropriado. Primeiro, vamos aprender o seguinte: embora pelo termo morte o sentido seja repetidas vezes o da dissolução da vida presente e por região inferior (infernus), seja a sepultura, ainda assim não é incomum que as Escrituras empreguem esses termos para a raiva. e com ideia de retirada do poder de Deus; de modo que se diz que as pessoas morrem e descem para a região inferior, ou habitam na região inferior, quando são alienadas de Deus, ou prostradas pelo julgamento de Deus, ou mesmo esmagadas por sua mão. A própria região inferior (infernus ipse) pode significar, não só a sepultura, mas abismo e a confusão. E esse significado, que ocorre em toda a Escritura, é mais conhecido nos Salmos: “Que a morte caia sobre eles, e que desçam vivos à cova” (infernum:) Novamente: “Ó meu Deus, não te cales, para que eu não me torne como aqueles que descem à cova” (lacum) e mais uma vez, “Ó Senhor, tu trouxeste minha alma da região inferior (inferno) e me salvaste de descer à cova” (lacum) E de novo, “Que os pecadores sejam transformados em infernus, e todas as nações que se esquecem de Deus:” E  também aqui, “Se o Senhor não tivesse me ajudado, minha alma teria quase habitado em infernus:” e novamente, “Nossos ossos foram espalhados à entrada do infernus:” Novamente, “Ele me colocou em lugares escuros, semelhante aos mortos do mundo”. (Salmo 28:1; 53:15; 30:4; 9:18; 141:7; 143:3.)…

Nessas passagens, o sentido não é tanto a localidade, mas a condição daqueles a quem Deus condenou e sentenciou à destruição…

Para concluir, basta-nos uma passagem, que descreve de forma tão gráfica ambas as condições de modo a explicar seu próprio significado, que não há necessidade de que digamos uma só palavra: Está no Salmo 49: “Aqueles que confiam em abundância na glória e na multidão de suas riquezas. Não pode o irmão resgatar, porventura,  entregará tal homem o resgarte? Ele não fornecerá sua própria expiação a Deus, bem como o preço da redenção por sua alma; trabalhará ele para sempre, e ainda viverá até o fim? Não verá ele a morte, quando vir a morrer o sábio? O insensato e o tolo perecerão juntos. Como ovelhas, eles foram colocados na sepultura, (infernus). A morte se alimentará deles; os justos os governarão pela manhã, e a assistência perecerá na sepultura (infernus) de sua glória. No entanto, Deus redimirá minha alma das mãos do inferno, (infernus), quando Ele me receber.” Em resumo, aqueles que confiam em suas riquezas e força morrerão e descerão ao inferno; o rico e o pobre, o tolo e o sábio, perecerão juntos: aquele, porém, que espera no Senhor será livre do poder do inferno, (infernus.)

Sustento que esses nomes “MORTE” e “INFERNO” (Mors et Infernus) não podem ter nenhum outro significado nos versículos dos Salmos que eles nos impõem, nem naquele cântico de Ezequias; e sustento que isso pode ser provado por argumentos claros: pois nos versículos: “Farás maravilhas aos mortos?” etc., e “Que vantagem há no meu sangue?” etc., ou Cristo, o cabeça dos crentes, ou a Igreja, seu corpo, fala, evitando e depreciando a morte como algo horrível e detestável. Isso também é feito por Ezequias em sua canção. Por que eles estremecem tanto com o nome da morte, se sentem que Deus é misericordioso e gracioso com eles? É porque eles não são mais para ser nada? Mas eles escaparão deste mundo turbulento e, em vez de tentações e inquietações hostis, terão a maior facilidade e um descanso abençoado. E como nada serão, não sentirão o mal, e serão despertados no tempo apropriado para a glória, que não é retardada por sua morte, nem apressada por sua vida. Vamos nos voltar para os exemplos de outros santos e ver como eles se sentiram sobre o assunto. Quando Noé morre, ele não lamenta sua miserável sorte. Abraão não lamenta. Jacob, mesmo durante o seu último suspiro, alegra-se na espera da salvação do Senhor. Jó não derrama lágrimas. Moisés, quando informado pelo Senhor de que sua última hora está próxima, não se comove. Todos, tanto quanto podemos ver, abraçam a morte com uma mente pronta. As palavras com as quais os santos respondem uniformemente ao chamado do Senhor são: “Aqui estou, Senhor!” . . .

Concluímos, portanto, que nestas passagens “morte” é equivalente a um sentimento de ira e julgamento de Deus, sendo perturbado e alarmado por este sentimento. Assim, Ezequias, quando viu que estava deixando seu reino exposto ao insulto e devastação do inimigo, e não deixando descendência da qual a esperança dos gentios pudesse descender, ficou cheio de ansiedade, por esses sinais de um Deus irado e punitivo. , não pelo terror da morte, que depois superou sem qualquer depreciação. No geral, reconheço que a morte em si é um mal, quando é a maldição e a penalidade do pecado, e é ela mesma cheia de terror e desolação, e leva ao desespero aqueles que sentem que ela é infligida a eles por um homem irado. e punir Deus. A única coisa que pode moderar a amargura de suas agonias é saber que Deus é nosso Pai e que temos Cristo como nosso líder e companheiro. Aqueles desprovidos desse alívio consideram a morte como confusão e perdição eterna e, portanto, não podem louvar a Deus em sua morte.

 

Notas

[1] Um ponto refutado mil vezes, comumente abreviado como PRATT (Point refuted a thousand times), refere-se a um ponto ou argumento que foi literalmente refutado tantas vezes que não vale a pena se preocupar. É uma frase comum nos fóruns da Internet já que os debates tendem a andar em círculos. Depois que as pessoas refutam um ponto nas primeiras mil vezes, é difícil para elas reunir a motivação para fazê-lo de novo.

 

Foto de Joshua Melo na Unsplash

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Dave Armstrong

Dave Armstrong é um apologista católico americano e escritor de inúmeros livros, cujo site "Biblical Evidence for Catholicism" (www.biblicalcatholic.com) inclui material robusto e de grande valor para aqueles que desejam conhecer mais profundamente a doutrina da Igreja Católica. Com mais de 2.500 artigos defendendo o catolicismo, foi premiado pela Revista Envoy em 1998 e conta com mais de dois milhões de visitantes regularmente. Dave Armstrong tem proclamado e defendido ativamente o cristianismo desde 1981 e foi recebido na Igreja Católica em 1991.

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