O presente artigo visa a fazer ponderações a algumas aulas do curso ” Refutando o catolicismo Romano”; tal curso foi ministrado pelo apologista protestante e anticatólico Juan Oliveira. Desejo ardentemente que todos aqueles que tiverem acesso a esse artigo sejam iluminados pelo Espírito Santo – que conduz a toda verdade. Meus objetivos:
1) Expor a Doutrina – Como fiel católico, desejo expor a verdade sobre a fé que professo; infelizmente, constatei que o Juan Oliveira proferiu alguns equívocos graves sobre a fé católica.
2) Desfazer certas confusões sobre o Catolicismo – Venho aqui, pois, corrigir os erros publicamente.
3) Demonstrar cordialidade e caridade no trato com as pessoas que pensam diferente de mim ao tratar de tais temas – Não pretendo ser ácido na apologética, mas, pelo contrário, apesar das minha limitações, quero seguir o conselho Bíblico: “[…] Estai sempre prontos a responder para vossa defesa a todo aquele que vos pedir a razão de vossa esperança, mas fazei-o com suavidade e respeito.” ( 1 Pedro 3,15).
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A Intercessão dos Santos
Na quarta aula, o Juan Oliveira trata do tema “intercessão dos santos”. Ele sustenta que a mudança de “plano físico para o espiritual” é uma barreira para a intercessão e compara o pedido de intercessão aos santos que estão no Céu com a necromancia. Ainda na argumentação do Juan, ele sustenta que somente o Espírito Santo e Jesus Cristo podem interceder por nós, fazendo essa “ponte” entre o plano físico e o espiritual. Podemos dizer que o texto-base que o Juan usa é: “Pois há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus.” (1 Timóteo 2,5). Ele interpreta esse “mediador ” como intercessor. Ora, não é isso que o texto nos diz por ao menos duas razões:
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nos versículos anteriores, São Paulo recomenda a oração, e em especial, a Intercessão mútua.
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no versículo posterior (v. 6), explica qual é a mediação que somente Jesus Cristo realiza: “o qual se entregou a si mesmo como resgate por todos.” Somente Jesus fez a mediação através do Sacrifício do Calvário. Essa é a fé católica, exposta por exemplo, no catecismo da Igreja Católica parágrafo 457.
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Duas passagens, geralmente usadas por católicos, para demonstrar a intercessão dos santos que estão no Céu são compreendidas de forma que não leva a essa conclusão para o Juan. Apocalipse 5,8 : “Ao recebê-lo, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro. Cada um deles tinha uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos;” Em outro momento, ele diz que Deus não precisa de secretários; ora, concordamos com isso. Deus não precisa, mas Ele quer “precisar”, isto é, é Seu desejo “fazer uso de suas criaturas”. E é um tanto quanto pejorativo resumir a comunhão dos santos à ideia de “secretários de Deus”. Seria a mesma base da rejeição às orações pelos irmãos, já que cooperamos com a salvação uns dos outros quando oramos: por que precisamos orar? Por que Deus quer que atuemos como seus cooperadores na vida de nossos irmãos? Somos secretários de Deus por orar pela vida de um irmão enlutado, ou por um filho ou filha? Além disso, a tese de Juan de que a mudança de “plano físico para o espiritual” constitui uma barreira à intercessão só seria plausível se admitíssimos que a existência espiritual aperfeiçoada com Deus é inferior à existência terrena pecaminosa, na qual temos poderes de intercessão. Seria contra a lógica. É só ligar os pontos: Em Apocalipse 5,8 outros seres apresentam a oração dos santos; não está explícito que foi pedido de intercessão entre a Igreja militante e a Triunfante, porém ali observamos a comunhão das orações entre os seres viventes e os anciãos. Citando Apocalipse 6,9-11, o Juan diz que ali os mártires não estão atendendo perdidos de intercessão, mas somente pedindo justiça para com os maus da Terra. Novamente é só ligar os pontos:
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Sabemos que existem santos no Céu;
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Os santos que estão no Céu têm consciência do que ocorre na Terra ( por certo, pois pediram a justiça sabendo que ainda esta não tinha ocorrido).
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Se sabemos que os santos estão no Céu e os santos têm consciência do que se passa na Terra, pedir intercessão para os santos não é só possível como extremamente útil para nós.
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“Como Maria e os demais santos ouvem milhões de orações? Isso não é um atributo exclusivo do Deus Tudo Poderoso?”
De fato, pela natureza de criatura, os santos não podem ouvir todas as orações. Assim como, pela limitação de criatura, o seguinte teria sido impossível: Daniel e são João terem acesso as profecias apocalípticas que tiveram. Como tiveram acesso a isso? Por permissão de Deus. Por qual motivo a consciência dos vários pedidos de intercessão seria algo impossível para os santos que agora estão no Céu, se já na Terra muitos tiveram acesso a coisas muito acima do que poderiam saber? Essa resposta poderia se estender muito mais! Porém, eu me dou por satisfeito até o momento. Espero que esse artigo não seja causa de debates intermináveis. Já no início da Igreja, santo Ireneu de Lião nos advertiu sobre a postura de alguns. Encerro com essa citação dele:
“Quando, contudo, eles foram refutados pelas Escrituras, voltaram atrás e acusaram essas mesmas Escrituras, como se elas não fossem corretas, nem tivessem autoridade, e afirmaram que elas são ambíguas, e que a verdade não pode ser retirada delas por aqueles que não conhecem a Tradição […] Mas, novamente, quando nos referimos a eles com a Tradição que se origina dos apóstolos, e que é preservada por meio da sucessão de presbíteros nas Igrejas, eles objetam contra a Tradição […] Aconteceu, portanto, que esses homens agora nem concordam com as Escrituras nem concordam com a Tradição.”
(Contra as Heresias III, 2, 1)
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