“Pois para vós é a promessa, assim como para vossos filhos e para todos aqueles que estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar.”
Atos 2. 39
1. A Aliança de Deus com seu povo:
No Antigo Testamento, as crianças eram inseridas na Aliança de Deus por meio da circuncisão. Agora, na Nova Aliança, o Batismo se tornou a circuncisão de Cristo, como ensina São Paulo em Colossenses 2. 11-12. Assim, os convertidos são inseridos no Povo de Deus por meio do Batismo. Logo, se na Antiga Aliança as crianças eram inseridas mesmo que ainda não pudessem demonstrar fé pessoal, por qual motivo as suas próprias famílias deveriam impedir que elas entrem na Nova Aliança?
2. O Batismo é, sim, regenerador:
São Pedro nos diz em Atos 2. 38 – e ele não diria isso à toa-, que ao sermos batizados, recebemos o perdão de pecados e o Espírito Santo, pois Cristo nos faz novas criaturas de verdade, e não apenas simbolicamente. Portanto, o Batismo não pode ser apenas um sinal externo de conversão, não se tratando apenas de um rito que se faz, ou de uma confissão de fé pública semelhante a um levantar de mãos para se “aceitar Jesus”, mas é também a porta para uma transformação do nosso ser operada por Deus (Cf. 1 Pedro 3: 20-21). No Batismo, então, os nossos pecados são perdoados, todos, inclusive o Pecado Original, com o qual todos nascem, por sermos descendência de Adão. Logo, as crianças, por mais novas que sejam, já são pecadoras em certo sentido, e se são pecadoras, devem ser batizadas.
3. É prática cristã desde sempre:
Todas as mais antigas tradições cristãs preservam o Batismo das crianças, não só no meio católico, mas também entre os ortodoxos, e ainda no meio protestante mais tradicional, como os luteranos, anglicanos, metodistas e presbiterianos. Tal prática já existe desde os primórdios da fé, e no livro de Atos do Apóstolos podemos ver um indício disso ao lermos sobre as famílias inteiras que eram batizadas (incluido infantes). Aliando a doutrina de que todos herdamos o Pecado Original à ideia da Aliança de Deus com os pais e seus filhos, fica natural compreender a necessidade do Batismo Infantil, e do porquê dessas prática ter sido tão facilmente aceita desde o início.
CLEMENTE DE ALEXANDRIA
Sendo batizados, somos iluminados; sendo iluminados, nos tornamos filhos; sendo feitos filhos, somos feitos perfeitos; sendo feitos perfeitos, somos feitos imortais. “Eu”, diz Ele, “disse que sois deuses e todos vós filhos do Altíssimo”. Essa obra é chamada de graça, iluminação, perfeição e lavagem: LAVAGEM POR MEIO DA QUAL SOMOS PURIFICADOS DE NOSSOS PECADOS; graça pela qual as penalidades resultantes das transgressões são retidas; e há iluminação pela qual a santa luz da salvação é contemplada, isto é, pela qual podemos ver Deus claramente.
– Clemente de Alexandria, O Instrutor 6, ano 191 d. C.
HIPÓLITO DE ROMA
AS CRIANÇAS SERÃO BATIZADAS PRIMEIRO. Todas as crianças que puderem responder por si mesmas, que respondam. Se houver alguma criança que não possa responder por si mesma, deixe que seus pais respondam por ela, ou outra pessoa da família.
– Hipólito de Roma, Tradição Apostólica 21, ano 215 d. C.
AGOSTINHO DE HIPONA
Pois qualquer que seja a pessoa, o recém-nascido ou o velho decrépito, como ninguém é proibido de tomar parte no batismo, assim também não há ninguém que não morra para o pecado após o batismo. Ainda assim, contudo, as crianças morrem apenas PARA O PECADO ORIGINAL; enquanto que os mais velhos morrem também para todos os demais pecados, os quais foram acrescentados pelo seu mau procedimento em vida àquele pecado que trouxeram consigo ao nascerem.
– Agostinho de Hipona, Enchiridion 43, ano 421 d.C.
Diante de tudo isso, podemos perceber o quão impiedosa é a tentativa de privar os pequenos de tão poderoso sacramento, pelo qual a porta da Graça lhes é aberta, com todos os seus dons e eles entram no Pacto da Nova Aliança.
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