Como mencionei anteriormente, N.T. Wright é um dos teólogos mais interessantes e influentes vivos hoje, e geralmente sou grato por sua carreira, seus escritos e suas contribuições ao cristianismo. Dito isso, acho que ele tem alguns relevantes pontos cegos e fraquezas em alguns de seus argumentos contra o catolicismo (e particularmente, com respeito à visão católica da vida após a morte), e esta é a terceira e última de uma resposta de três partes aos seus argumentos específicos. A primeira parte tratava da crença católica e ortodoxa na Assunção de Maria; e a Parte Dois tratava da ideia de diferenças no Céu (por exemplo, se alguns santos são superiores ou inferiores a outros). Você não precisa lê-los para entender o que vou dizer hoje, mas eles estão conceitualmente vinculados uns aos outros; portanto, se você estiver interessado no argumento, poderá gostar deles. Mais uma vez, os argumentos em questão são apresentados em seu livro For All the Saints? Remembering the Christian Departed, e o trecho relevante está disponível na íntegra aqui. Hoje, quero examinar os detalhes de seus argumentos contra a doutrina católica do purgatório. Mas antes de fazer isso, quero apontar para aquilo que o Catecismo da Igreja Católica realmente ensina sobre o Purgatório, já que muitas vezes é mal compreendido:
1030. Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não de todo purificados, embora seguros da sua salvação eterna, sofrem depois da morte uma purificação, a fim de obterem a santidade necessária para entrar na alegria do céu.
1031. A Igreja chama Purgatório a esta purificação final dos eleitos, que é absolutamente distinta do castigo dos condenados. A Igreja formulou a doutrina da fé relativamente ao Purgatório sobretudo nos concílios de Florença () e de Trento (). A Tradição da Igreja, referindo-se a certos textos da Escritura () fala dum fogo purificador:
O Catecismo cita então São João Damasceno, um dos Padres da Igreja Oriental: Pelo que diz respeito a certas faltas leves, deve crer-se que existe, antes do julgamento, um fogo purificador, conforme afirma Aquele que é a verdade, quando diz que, se alguém proferir uma blasfêmia contra o Espírito Santo, isso não lhe será perdoado nem neste século nem no século futuro (Mt 12, 32). Desta afirmação podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas neste mundo e outras no mundo que há-de vir.
A ideia do Purgatório é radicalmente simples. Apocalipse 21:27 diz sobre a Nova Jerusalém que “nada impuro entrará nela, nem quem pratica abominação ou falsidade, mas somente os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro”. A diferença entre a doutrina luterana da justificação “forense” (na qual você é declarado limpo) e a católica é que os católicos acreditam que Deus os purifica de verdade. Se você não estiver limpo, e digo limpo de verdade, não apenas fingindo-se de limpo ou “declarado” limpo, você não pode entrar no Céu e não pode entrar na Nova Jerusalém. Essa limpeza começa nesta vida (um ponto que Wright aceita abaixo, como veremos). Ou é realizada por completo durante esta vida, ou não é. Se não for, ainda precisa ser concluída antes de entrar no céu. Daí o Purgatório. Mas observe que isso significa que o Purgatório não é um lugar final da mesma forma que o Céu ou mesmo o Inferno. É um estado de purificação para se entrar no Céu.
Então, como Wright argumenta contra isso?
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Argumento 1° – O bom ladrão
O primeiro argumento de Wright é um elemento básico da argumentação antipurgatório:
Em particular, devemos levar em conta a conhecida e marcante declaração de Jesus ao bandido moribundo que estava ao seu lado, registrada por Lucas (23.43). ‘Hoje’, disse ele, ‘você estará comigo no paraíso’. ‘Paraíso’ não é o destino final; é um belo local de descanso no caminho até lá. Mas observe. Se há alguém no Novo Testamento a quem poderíamos esperar que a doutrina clássica do purgatório se aplicasse, seria a esse bandido. Ele não tinha tempo para mudar de vida; sem dúvida ele tinha todos os tipos de pensamentos e desejos pecaminosos no que restava de seu corpo. Todos os argumentos-padrão em favor do purgatório se aplicam a ele. E, no entanto, Jesus lhe garante seu lugar no paraíso, não em alguns dias ou semanas, não se seus amigos fizessem muitas orações e missas por ele, mas ‘hoje’.
[Wright]
Ouvi esse argumento pela primeira vez quando era um adolescente assistindo (por algum motivo) a um pregador televangelista. Na época, pensei que o argumento era totalmente convincente. Mais tarde, percebi que há dois grandes furos no raciocínio.
Primeiro, o argumento gira em torno de algo para o qual não há evidências: que o bom ladrão “não teve tempo para mudar de vida; sem dúvida, ele tinha todos os tipos de pensamentos e desejos pecaminosos no que restava de seu corpo”. Mas a imagem bíblica mostra exatamente o contrário. Todos os evangelistas mencionam que Jesus foi crucificado entre dois ladrões. No relato de Marcos, ele diz simplesmente que “os que com ele foram crucificados também o injuriavam” (Marcos 15:32). Mas em algum momento, um dos dois homens parece ter se convertido (Lucas 23:39-43):
Um dos criminosos que foram enforcados o criticou, dizendo: “Você não é o Cristo? Salve a si mesmo e a nós!” Mas o outro o repreendeu, dizendo: “Você não teme a Deus, estando sob a mesma sentença de condenação? E nós, de fato, com justiça; pois estamos recebendo a devida recompensa por nossos atos; mas este homem não fez nada de errado. E ele disse: “Jesus, lembre-se de mim quando você vier em seu poder real.” E disse-lhe: “Em verdade te digo, hoje estarás comigo no Paraíso”.
Que outras evidências poderíamos pedir de uma autêntica conversão ou “reforma de vida”? O ladrão passou de uma disposição na qual lamentava por seus próprios sofrimentos e insultava Jesus para a percepção de que Jesus era inocente e que ele (o ladrão) estava sendo punido com justiça. Ele aceitou os tormentos que seus próprios pecados estavam causando-lhe e implorou a Jesus por misericórdia. [N. da T: Veja mais sobre a situação penitente do ladrão aqui] A partir de qualquer leitura razoável do texto, o homem teve uma conversão profunda e até sofreu tormentos corporais por seus pecados, a ponto de suportar a pena de morte por crimes contra a propriedade. Ele não parece estar se apegando ao quão grande foi o roubo: ele parece terrivelmente e dolorosamente consciente do horror do pecado e totalmente arrependido. De uma perspectiva católica, sua alma parece ter sido (muito rápida e dolorosamente) purificada. Que purgação adicional Wright exigiria dele? Em outras palavras, no máximo, o argumento prova que esse cara não foi para o Purgatório… e faz todo o sentido que ele não tenha ido.
Mas a segunda lacuna que acabei descobrindo no argumento do “Bom Ladrão” é que ele se baseia fortemente na tentativa de impor nossa linha do tempo terrena a Deus. O argumento de Wright é que o Bom Ladrão deve estar no Paraíso com Jesus “não em alguns dias ou semanas, não se seus amigos fizerem muitas orações e missas por ele, mas ‘hoje’”. Em outras palavras, todo o ponto do argumento é que ele lê Jesus querendo dizer que, na Sexta-Feira Santa, Ele e o Bom Ladrão estavam indo para o céu. Mas, como São Paulo aponta, Jesus na Sexta-Feira Santa não sobe ao céu. Ele desce ao Inferno (veja Efésios 4:9-10). São Pedro fala sobre ele pregando aos espíritos que são desde os dias de Noé (1 Pedro 3:18-22). E no Domingo de Páscoa, depois que Jesus ressuscitou dos mortos, Ele disse a Maria Madalena: “Não me detenhas, porque ainda não subi para o Pai; mas vai a meus irmãos e dize-lhes: Subo para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus” (João 20:17).
Tudo isso é para dizer que pode haver bons argumentos contra o Purgatório, mas este texto-prova simplesmente não é um deles.
Argumento 2° – 1 Coríntios 3 quer mesmo dizer o que diz?
Em seguida, Wright aborda 1 Coríntios 3:10-15, a qual ele chama de “uma das passagens mais impressionantes do Novo Testamento sobre o julgamento na morte ou após ela”. A passagem diz:
De acordo com a comissão de Deus que me foi dada, lancei o alicerce como habilidoso construtor, e outro edifica sobre ele. Que cada um cuide de como edifica sobre ela. Pois ninguém pode lançar outro fundamento além do que já foi lançado, o qual é Jesus Cristo. Ora, se alguém edificar sobre o fundamento com ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; porque o Dia a revelará, porque com fogo será revelado, e o fogo provará que tipo de trabalho cada um fez. Se a obra que alguém construiu sobre o alicerce sobreviver, ele receberá uma recompensa. Se a obra de alguém for queimada, ele sofrerá perdas, embora ele próprio seja salvo, mas apenas como que pelo fogo.
Isso soa muito como o purgatório. Paulo está se referindo claramente a dois grupos de crentes salvos, cada um dos quais edificados sobre o fundamento de Jesus Cristo. O homem do primeiro grupo construiu bem e será recompensado. O homem do segundo grupo encontrará seu trabalho “queimado” e “sofrerá perdas, embora ele mesmo seja salvo, mas somente como pelo fogo”. Tudo isso parece provar claramente o Purgatório e (mais comumente) a ideia de que existem níveis de glória na vida após a morte. Então, como Wright responde? Primeiro, ele diz que “esta é a única passagem no Novo Testamento que faz uma distinção tão clara” embora mencione duas outras (a parábola dos talentos em Mateus 25:14-30, e a parábola das dez minas em Lucas 19:11-17) entre parênteses. Mesmo que isso fosse verdade, que diferença isso faria? Dizer que mesmo uma única passagem ensina o Purgatório parece ser suficiente (a menos que alguém se apegue à ideia de que São Paulo está errado em 1 Coríntios). Afinal, a palavra “inferno” aparece apenas 13 vezes no Novo Testamento, e nunca no Antigo Testamento.
Em seguida, Wright simplesmente acena para a passagem enquanto nega estar fazendo isso:
No entanto, mesmo aqui não há sinal de distinção em termos de progressão temporal. Paulo não diz que as pessoas que construíram com ouro, prata e pedras preciosas irão direto ao céu, ou paraíso, e menos ainda para a ressurreição, enquanto aquelas que usaram madeira, feno e palha serão atrasadas no caminho por um purgatório no qual serão punidas ou expurgadas. Não: ambos serão salvos. Um, porém, será salvo gloriosamente, e o outro será salvo por um fio, com o cheiro de fogo ainda sobre eles. Esta é uma passagem solene, a ser levada muito a sério pelos obreiros e mestres cristãos. Mas não ensina uma diferença de status, ou de geografia celeste, ou de progressão temporal, entre uma categoria de cristãos e outra.
Mas a leitura natural do texto é precisamente a de que há uma progressão temporal: que um homem tem suas obras terrenas, e então há um fogo purificador, e então “ele mesmo será salvo, mas apenas como que pelo fogo”. Claro, assim como vimos com o último argumento, sempre há uma questão quanto àquilo que queremos dizer com “temporalidade” quando estamos lidando com a vida após a morte, então não devemos assumir que o fluxo do tempo funciona da mesma maneira (e no mesmo ritmo) em um reino puramente espiritual como funciona em um corporal. Mas, certamente, há temporalidade no sentido básico de antes e depois. De fato, a objeção de Wright (“Não: ambos serão salvos. Um, porém, será salvo gloriosamente, e o outro será salvo por um fio, com o cheiro de fogo ainda sobre eles”) é precisamente o que a doutrina do Purgatório ensina.
Argumento 3°: O Purgatório é Tardio e Romano?
Wright afirma, um tanto vagamente:
O purgatório foi, claramente, uma ideia que levou algum tempo para ocorrer. Quando foi estabelecido, era mantido apenas por uma parte da igreja, ou seja, a parte católica romana. Ele foi firmemente rejeitado, com bons fundamentos bíblicos e teológicos, pelos reformadores do século XVI.
Wright não se preocupa em mencionar quando pensa que surgiu a doutrina do Purgatório ou quais são os bons argumentos bíblicos e teológicos que os reformadores usaram contra ela. Tudo o que sabemos é que ele julga ser uma adição tardia (mais adiante ele diz “medieval”) ao cristianismo e confinada ao Ocidente. Nenhuma dessas afirmações é verdadeira. A crença na purgação após a morte era generalizada (lembre-se, o Catecismo cita São João Damasceno, do Oriente) e até mesmo antecede o próprio cristianismo. 2 Macabeus 12:39-45 (um livro tratado como Escritura tanto na Ortodoxia quanto no Catolicismo, e que foi escrito antes do Novo Testamento) inclui orações de expiação pelos mortos. A Enciclopédia Judaica observa que o Purgatório é claramente ensinado no judaísmo rabínico, e há descrições claras dele no Midrashim judaico. Portanto, não é verdade que o Purgatório seja tardio ou ocidental. Embora diferentes tradições religiosas dentro do judaísmo e do cristianismo possam diferir sobre suas particularidades, a ideia central da purgação após a morte era amplamente aceita antes da Reforma. (A título de observação, quando Wright diz que “há um aúnica doutrina do purgatório, aquela ensinada por Roma, e os anglicanos a rejeitam”, ele mostra sua ignorância acerca das visões ortodoxa oriental e judaica sobre o assunto). Leia mais aqui, aqui e aqui.
Argumento 4° – 2 Macabeus 12 quer mesmo dizer o que diz?
Após afirmar que o Purgatório não é uma doutrina proveniente da Bíblia, Wright se volta para uma das passagens bíblicas mais frequentemente usadas em apoio (à qual já fiz alusão):
Alguns ainda apelam à Bíblia em apoio ao purgatório, mas apelam em vão. Há uma passagem famosa em 2 Macabeus 12.39-45 onde alguns que morreram em batalha são considerados idólatras secretos, após o que Judas Macabeu e seus seguidores oferecem orações e sacrifícios em seu nome para garantir que eles venham a compartilhar da ressurreição. Esta passagem de fato prevê um estado intermediário: a ressurreição ainda não aconteceu, e alguns que (segundo o que se esperava) a alcançariam foram considerados como tendo cometido um pecado que ainda não havia sido expiado. Mas isso não é “sair do purgatório”; é uma questão de garantir que, embora todos estejam igualmente no estado intermediário, os tais ressuscitarão (notemos que ele não diz “irão para o céu”) com o fim de desfrutar do novo mundo de Deus quando ele chegar. Os livros dos Macabeus estão, é claro, entre os Apócrifos; mas os primeiros cristãos teriam respondido, em qualquer dos casos, que “o sangue de Jesus, filho de Deus, nos purifica de todo pecado” (1 João 1.7).
Em suma, a alegação de Wright é dupla: ele diz que 2 Macabeus não é realmente Escritura, e que os primeiros cristãos “teriam em qualquer dos casos” respondido a isso tal como bons protestantes evangélicos fariam, isto é, citando 1 João 1:17 fora de contexto para dizer que “o sangue de Jesus, filho de Deus, nos purifica de todo pecado”.

Santo Agostinho, doutor da Igreja – Domínio Público
Todavia, não há necessidade de nos envolvermos em tal especulação estéril sobre o que os Padres teriam dito, porque a verdade é que os Padres já sabiam sobre 2 Macabeus, e eles de fato falaram sobre ele, mas nem um pouco emitindo a opinião que Wright afirma que eles teriam. Santo Agostinho, por exemplo, escreve a um colega bispo, São Paulino, um livro inteiro Sobre o Cuidado Devido com os Mortos. Em port. aqui. Uma viúva pediu a Paulino para colocar o corpo de seu filho na “basílica do mais abençoado s. Félix, o Confessor”. Paulino concordou e escreveu perguntando a Agostinho o que ele pensava sobre o assunto. E o ponto de vista de Paulino era de que “é proveitoso para uma pessoa após a morte, se pela fé de seus amigos com respeito ao sepultamento de seu corpo, for providenciado um local onde possa ser evidente o socorro, também procurado desta forma, dos santos”. Agostinho disse em acordo:
Possivelmente sua pergunta é satisfeita por esta minha breve resposta. Mas outras considerações me movem, às quais eu acho por bem responder, tu, pois, preste atenção. Nos livros dos Macabeus, lemos que o sacrifício é oferecido pelos mortos. No entanto, mesmo que isso não fosse lido em nenhum lugar das Antigas Escrituras, não é pequena a autoridade de toda a Igreja, que é clara quanto a este costume, a saber, que nas orações do sacerdote que são oferecidas ao Senhor Deus, existe espaço especialmente reservado para a encomendação dos falecidos.
Em outras palavras, sabemos que nossas orações pelos mortos são eficazes por duas razões.
1°. porque, 2 Macabeus diz isso. A resposta de Agostinho deixa claro que 2 Macabeus é considerado parte das “Antigas Escrituras”; isto é, do Antigo Testamento, não um Apócrifo. (De fato, Agostinho afirma repetidamente a canonicidade dos dois livros dos Macabeus, mas essa é outra história).
Mas, em 2° lugar, ele argumenta que, mesmo que as Escrituras fossem omissas e silenciosas quanto a isso, seria prova suficiente o fato de que era a prática universal da Igreja primitiva rezar pelos mortos dessa maneira.
Agora, você pode até pensar que Santo Agostinho e toda a Igreja primitiva estavam errados nessas concepções, mas é tolice fingir que eles acreditavam e soavam como protestantes evangélicos quanto a esse assunto, porque eles não poderiam estar mais distantes disso. Da mesma forma, em A Paixão das Santas Mártires Perpétua e Felicidade, documento que data de cerca de 203 d.C., há longas porções que parecem ser (e são geralmente aceitas pelos estudiosos como tendo sido de fato) escritas pela própria Santa Perpétua. Em uma seção, ela descreve ter visto seu irmão morto Dinócrates em uma visão à noite (não está claro se ela está sonhando ou não) na qual ele “estava ressecado e com muita sede, com um semblante imundo e cor pálida, e o ferimento em seu rosto que ele tinha quando morreu”. Perpétua diz que:
Por ele eu tinha feito minha oração, e entre ele e eu havia um grande abismo, de modo que nenhum de nós podia se aproximar um do outro. E além disso, no mesmo lugar onde Dinócrates estava, havia uma piscina cheia de água, tendo sua borda mais alta do que a estatura do garoto; e Dinócrates se levantou como se fosse beber. E eu fiquei triste porque, embora aquela piscina contivesse água, ainda assim, por conta da altura até sua borda, ele não conseguia beber.
Ela se levanta e começa a rezar fervorosamente por ele [por sua alma], noite e dia. Eventualmente, ela tem outra visão (ou sonho) em que:
aquele lugar que eu tinha observado anteriormente estar na escuridão agora estava claro; e Dinócrates, com um corpo limpo e bem vestido, estava encontrando refresco. E onde havia uma ferida, eu vi uma cicatriz; e aquela piscina que eu tinha visto antes, eu vi agora com sua margem abaixada até o umbigo do menino. E alguém tirava água da piscina incessantemente, e em sua borda havia um cálice cheio de água; e Dinócrates se aproximou e começou a beber dele, e o cálice não falhou. E quando ele estava satisfeito, ele se afastou da água para brincar alegremente, como as crianças, e eu acordei. Então eu entendi que ele foi transladado do lugar de punição.
Então Dinócrates está em um lugar de punição temporal, mas através de suas orações, ele é purificado e libertado. Novamente, pode-se rejeitar a visão cristã primitiva como não sendo evangélica o suficiente (ou como contrária a uma leitura evangélica da Bíblia), mas você não pode rejeitá-la como não sendo consistente com o cristianismo primitivo. Ela é simplesmente a visão do cristianismo primitivo.




